Brasil vive na pré-história da segurança pública, diz Raul Jungmann
Para ministro da Segurança Pública, Estado brasileiro “não é capaz de produzir nenhuma estatística confiável na área”
07/08/2018
Por Barbara Bigarelli
Publicado originalmente na Época Negócios
Mais do que tecnologias de ponta que outros países utilizam na área de segurança pública, o Brasil precisa resolver antes dilemas que envolvem gestão, integração de sistemas de informações e estatísticas confiáveis. Esses problemas foram citados como entraves pelo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, para melhorar — e avançar — o uso de tecnologia no combate à violência, reformar o sistema prisional e diminuir o número de homícidios do Brasil.
Jungmann afirmou que o país vive na “pré-história” da segurança pública e defendeu que o Estado brasileiro “não é capaz de produzir nenhuma estatística confiável na área”. “Temos milhares de sistemas, pertencentes a eras diferentes, de órgãos que não conversam entre si”, afirmou nesta terça-feira (07/08), durante palestra no GovTech, evento promovido pela BrazilLab com ITS-RJ em São Paulo. “A Polícia Federal (PF) desenvolve um software que não conversa nem com outro software interno da PF. Além disso, há uma grande resistência à integração de informações. Predomina no Brasil a ideia de que sigilo é segurança”.
Com o discurso, o ministro endossa a necessidade da criação de um sistema de informação nacional — a principal bandeira de seu ministério. “É algo que vamos começar a implementar em agosto e que vai obrigar a polícia, os ministérios e os demais órgãos a conversarem entre si”. Atualmente, diz Jungmann, os estados não são obrigados a compartilhar dados e gerar estatísticas sob o mesmo padrão. É por esta razão que ele defende que o país vive um “federalismo acéfalo”. Com este sistema nacional de informação, Jungmann argumenta, seria possível traçar estratégias locais mais eficazes no uso da tecnologia.
A falta de dados transparentes e confiáveis também foi uma barreira citada no evento por Ilona Szabo, cofundadora e diretora-executiva do Instituto Igarapé. “Os munícipios hoje reproduzem políticas que não dão certo. Eles precisam de estratégia de dados para estabelecer novas alternativas”, diz. À frente do instituto, Ilona estabelece parcerias públicas e privadas para projetos que coletam novos dados, geram mapas de informações e desenvolvem tecnologias focadas na melhoria da segurança no país.
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