Vitórias-régias

na proteção dos direitos humanos e do meio ambiente

Na Amazônia brasileira, mulheres sofrem impactos diferenciados em processos violentos por razões como disputas pela posse de terra, exploração ilegal de madeira, exploração de minérios preciosos, expansão do agronegócio e desapropriação para grandes obras de infraestrutrura.

Muitas vezes, violências contra defensoras sequer são percebidas como violências ou registradas por órgãos oficiais.

Nem todas as mulheres que estão na luta por direitos humanos e na defesa do meio ambiente se reconhecem como defensoras.

E mais: as violências cometidas em função do ativismo das defensoras se misturam com outras violências no âmbito doméstico.

Neste infográfico, recorremos à vitória-régia, planta aquática ligada a diversos símbolos, como as mulheres e o senso de justiça, para apresentar dados e informações que nos ajudam a compreender este desafio e promover estratégias para sua proteção.

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Com apoio de quatro consultoras defensoras de direitos humanos e do meio ambiente, o Instituto Igarapé, ouviu* defensoras de Acre, Amazonas, Maranhão, Pará e Roraima. No total, 132 mulheres responderam ao questionário. A maioria das respondentes eram pretas (48%), pardas (31%), indígenas (17%) e brancas (4%). Quase todas (95%) se consideram defensoras.

Das 125 mulheres que se consideram defensoras, 100 disseram já ter sofrido algum tipo de violência.

27 mulheres sofreram mais de um tipo de violência.

12 mulheres disseram ter sofrido violência de mais de um agressor. Desconhecidos representam a maior fatia de agressores, tendo sido apontados como autores de 32 casos (ou quase 30% do total).

5 principais violências relatadas

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Cinco vitórias-régias, muitas mulheres**

Cláudia, liderança de uma comunidade rural na defesa do direito à terra, recebeu diversas ameaças. Seus algozes cooptaram amigos, familiares, seu companheiro e pessoas da sua comunidade. Insegura, abandonada e traída, teve que deixar sua terra.

 

Luana é indígena e luta pelos direitos das mulheres do seu povo. Ela não aceitou a violência doméstica dentro da comunidade. Foi ameaçada e sentiu medo. Recebeu apoio do marido e, com isso, deixou o seu lar para viver na cidade. Ela sente falta do seu território e de estar perto das suas tradições.

 

Maria, também indígena, conta que a circulação de bebidas alcoólicas e outras drogas, além da prostituição, aumentou com invasões por garimpeiros à procura do ouro. Já os peixes e as caças rarearam. Ela liderou um grupo de mulheres que faria uma denúncia. Elas foram caladas.

 

Geralda, quilombola e líder em sua comunidade, tem três filhas. Em razão do seu ativismo em defesa do meio ambiente, sofreu grave violência psicológica do próprio marido e teve que deixá-lo. Recebe ameaças de morte e conseguiu entrar no Programa de Proteção de Defensores.

 

Flávia também é quilombola e atua na defesa da juventude. Grupos criminais relacionados ao tráfico de drogas estão se escondendo em seu território. Flávia conta que está difícil trabalhar na terra e defendê-la, uma vez que está recebendo ameaças desses grupos.

Para que as histórias de Cláudia, Luana, Maria, Luana, Geralda e tantas outras não se repitam, é preciso conhecê-las e disseminar informações sobre as defensoras.

O Instituto Igarapé lança o Guia de Proteção a Defensoras de Direitos Humanos e Meio Ambiente na Amazônia, sobre quem são as defensoras dos direitos humanos e meio ambiente; principais tipos de violência que afetam essas mulheres; como realizar uma análise de risco pessoal; sugestões para promover sua proteção, e uma lista de contatos de organizações e instituições que podem apoiar as que se encontrem em perigo.

* Pesquisa com formulário on-line realizada entre 14 de outubro a 2 de novembro de 2021.
** Foram usados nomes fictícios para proteger as defensoras.
Com o apoio do Programa zivik do Instituto de Relações Culturais Internacionais (IFA, na sigla em alemão), 
parte do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha.

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