Projeto põe fé nas armas da razão contra homeopatia e outras crenças

Instituto Questão de Ciência vai atacar uso de verbas públicas do SUS em terapias alternativas

Por Marcelo Leite

Publicado na Folha de S.Paulo

Esta coluna faz votos de sucesso ao Instituto Questão de Ciência (IQC), que será lançado no próximo dia 22 com a missão quixotesca de defender o uso de evidências científicas para fundamentar políticas públicas. Terá cada vez mais trabalho pela frente.

O instituto já chega com as armas da razão apontadas contra a homeopatia, prova de que não teme uma luta inglória. Para abrir o evento de estreia, a bióloga e fundadora do IQC Natalia Pasternak Taschner convidou o médico e ex-homeopata Edzard Ernst, professor emérito da Universidade de Exeter (Reino Unido).

Não é um ex-homeopata qualquer, mas alguém disposto a atacar seu antigo credo com o zelo do iconoclasta. “A homeopatia está entre os piores exemplos da medicina baseada na fé”, escreveu Ernst num artigo de 2009 para o periódico The American Journal of Medicine, “que ganha o apoio estridente de celebridades e outros lobbies poderosos no lugar de um desejo genuíno e humilde de explorar os limites de nosso conhecimento usando o método científico.”

Entre as celebridades na mira de Ernst figura até o príncipe Charles, simpático aos remédios baseados nos princípios da similitude (semelhança entre efeito da doença e de uma substância a recomenda como medicamento) e da diluição (quanto mais diluída, mais potente a droga).

Pode-se argumentar, com razão, que as pessoas —tanto pacientes como médicos— têm direito à auto-ilusão. Promover uma cruzada racionalista contra suas crenças terá a mesma chance (zero) de sucesso quanto chamar de imbecil ou fascista quem acredita em memes denunciando a distribuição de mamadeiras com bicos no formato de pênis.

Como já disse um editorial da revista médica britânica The Lancet, não sem fina ironia, “quanto mais diluída se torna a evidência em favor da homeopatia, maior parece a sua popularidade”.

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