Mudanças climáticas intensificam insegurança na África Ocidental (Press Release)

PRESS RELEASE

Mudanças climáticas intensificam insegurança na África Ocidental

Nova série de artigos e de visualizações de dados do Instituto Igarapé revelam as relações entre o aquecimento global e os conflitos violentos na região

Embargado até 19 de fevereiro de 2021 

Uma das gravidades das mudanças climáticas é que elas atingem em cheio países pobres. Uma série inédita de artigos e visualizações do Instituto Igarapé sobre mudanças climáticas e segurança na África Ocidental reúne e consolida informações cruciais para compreender a forma como o aquecimento global influencia os conflitos na região. Com mapas, gráficos e visualizações de dados, as publicações lançadas hoje, em inglês, oferecem um panorama das evidências científicas que moldam relações complexas, com particular atenção às zonas costeiras e áreas de migração da região. “Climate Change and Security in West Africa” (em inglês), que conta com duas versões resumidas, mostra que uma resposta eficaz a esse desafio exigirá o reconhecimento das interconexões e implicações entre a segurança humana e o meio ambiente.

“As nações africanas, que registram os maiores níveis de pobreza e as menores emissões de dióxido de carbono, já estão sendo devastadas pelo aquecimento global”, analisa Robert Muggah, diretor de Pesquisas do Instituto Igarapé e autor do artigo estratégico ao lado de Peter Schmidt, pesquisador associado. “Pelo menos 60% dos habitantes do continente africano em idade produtiva dependem da agricultura. Interrupções nos ciclos de chuvas, planejamento de safras e colheitas estão exacerbando a insegurança alimentar na região”, diz Muggah.

Enquanto isso, a elevação do nível do mar e o aumento da salinidade ameaçam as comunidades costeiras, muitas das quais dependem da pesca. À medida que as pessoas migram, as tensões se intensificam e a disputa dos recursos, assim como o risco de violência se agrava. A década entre 2009 e 2019 foi o período mais quente já registrado globalmente. O Sahel foi atingido de maneira mais dura  — com as temperaturas subindo 1,5 vez a média internacional. As temperaturas podem aumentar mais 6ºC até o final do século. A intensificação do calor está contribuindo para secas mais intensas e variações nas chuvas que degradam a terra, alteram os padrões de pastagem e diminuem o fornecimento de água para as pessoas e para seus animais.

As populações costeiras da África Ocidental enfrentam riscos especialmente preocupantes. Os demógrafos preveem que cerca de 95 milhões de pessoas poderão habitar as cidades costeiras até 2050. A elevação dos mares provavelmente prejudicará a produção de alimentos. A mudança climática também está acelerando a migração interna e externa e o deslocamento na região, especialmente no Sahel. Hoje, cerca de 20 milhões de pastores viajam para o sul com seus rebanhos durante a estação seca, e voltam para o norte durante a estação chuvosa. 

Fatores como o acesso reduzido à água e pastagens são perigosos para a violência. Existem inúmeros casos de militares, milícias e policiais em confronto com pastores que são forçados a se deslocar para áreas conflagradas. Apesar dos desafios, a série de publicações do Instituto Igarapé também mostra que uma ampla gama de governos e organizações estão trabalhando para reduzir essas ameaças. A mais conhecida é a “Grande Muralha Verde”, uma iniciativa de US$8 bilhões que abrange vinte países. 

Os relatórios mostram que mais promissores são os esforços multilaterais para enfrentar as crescentes ameaças climáticas, incluindo a Comissão da Bacia do Lago Chade, que mediou tensões relacionadas com a água entre Mali, Níger, Nigéria e Chade. Essas coalizões transnacionais, juntamente com a intensificação de esforços promissores em nível nacional e local, serão essenciais para enfrentar as crises. As análises indicam que o Conselho de Segurança da ONU, o G20 e outras alianças devem intensificar seu envolvimento no tema

“Climate Change and Security in West Africa” – Peter Schmidt e Robert Muggah.

Link para download da publicação: https://igarape.org.br/en/climate-security-in-west-africa/

Para entrevistas com os autores, por favor, entre em contato por meio do e-mail: press@igarape.org.br

Sobre o Instituto Igarapé:

O Instituto Igarapé é um think and do tank independente que trabalha na intersecção de pesquisa, novas tecnologias, comunicação e políticas públicas. O Instituto está focado na segurança pública, digital e climática e suas consequências para a democracia. O Igarapé foi reconhecido como o melhor think tank de política social do mundo em 2019 e a principal organização de direitos humanos do Brasil em 2018. O Instituto trabalha com governos, setor privado e sociedade civil para desenhar soluções baseadas em dados para desafios complexos. 

 

 

 

O Instituto Igarapé utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência, de acordo com a nossa Política de Privacidade e nossos Termos de Uso e, ao continuar navegando, você concorda com essas condições.

Pular para o conteúdo