Estudo aponta aumento de 19% da violência não letal contra mulheres no Brasil nos últimos 5 anos

Relatório do Instituto Igarapé, com apoio da Uber, mostra crescimento de todas as formas de violência que não resultaram em morte

 

Um levantamento feito pelo Instituto Igarapé, em parceria com a Uber, revela que a violência contra mulheres no Brasil, nos últimos cinco anos, vem crescendo em todas as suas formas não letais, ou seja, as que não resultam em morte. Entre 2018 e 2022, houve o aumento de 19% nos registros de violência física, patrimonial, sexual e psicológica – e no período de dez anos, a taxa sobe para 92%. Os números retratam a dura realidade de mulheres brasileiras: elas são as maiores vítimas dos demais tipos de agressões, com exceção do homicídio, o que torna essas violências mais naturalizadas, invisíveis e constantes.

 

O relatório A violência contra mulheres no Brasil nos últimos cinco anos: a redução do homicídio e a escalada das violências não letais utiliza dados da plataforma “Evidências sobre Violências e Alternativas para mulheres e meninas – EVA”, também desenvolvida pelo Igarapé com a Uber, que consolida os registros dos sistemas oficiais de saúde e dos órgãos de segurança pública. A análise dos dados da plataforma foi feita em cima de ocorrências, não de vítimas: uma mesma mulher pode registrar mais de um tipo de violência.

 

A análise dos índices de homicídios parte da constatação de que houve queda geral no período estudado, tanto para homens como para mulheres. No entanto, os feminicídios – assassinatos cometidos por gênero – cresceram 18%. Só no ano passado, em média, quatro mulheres foram mortas por dia com motivação de gênero. Em 2018, os feminicídios representavam cerca de 27% das mortes violentas; em 2022, eram 35%.

 

“O indicador mais utilizado no mundo para medir a violência é o homicídio, o que acaba invisibilizando  outras violências consideradas ‘menos graves’. Quando as políticas públicas são focadas em taxas de homicídio, acontece um apagamento da violência contra a mulher”, diz Melina Risso, diretora de Pesquisa do Instituto Igarapé. 

 

Segundo o estudo, os assassinatos de mulheres muitas vezes representam a fase final de uma sucessão de agressões. Além disso, as pesquisas sobre violência contra as mulheres costumam se deparar com a subnotificação dos casos, a inconsistência dos registros, e a falta de padronização e confiabilidade das fontes de dados. 

 

Tipos de violência

O relatório traz um dado fundamental para se enfrentar a violência de gênero no Brasil: as mulheres negras são a maioria das vítimas em todas as formas não letais. Em 2018, representavam 52% dos registros, e o número subiu para 56,5% no ano passado.

 

A violência patrimonial, que afeta diretamente os recursos e a independência financeira, foi a que registrou maior aumento nos últimos cinco anos: 56,4%. Em 2022, 6 a cada 100 mil mulheres sofreram esse tipo de violência – a maior taxa já registrada na série histórica sistematizada pelo Instituto Igarapé, que agrega informações desde 2009. 

 

O segundo maior crescimento foi o da violência sexual (45,7%) e, nos últimos dez anos, os casos mais do que dobraram. A violência psicológica, que aumentou 23,2%, apresenta um componente importante para as políticas de proteção à mulher: companheiros e ex-companheiros são os principais agressores, correspondendo a mais da metade dos registros.

 

A mais comum entre as quatro, de acordo com os dados, é a violência física, que representa 53% dos casos registrados e cresceu 8,3% no período. Em 2022, foram mais de 140 mil agressões do tipo –  o que significa 16 mulheres por hora sofrendo esse tipo de violência no país.

 

“Ao unir forças com o terceiro setor e o poder público, contribuímos ativamente para a elaboração de políticas públicas, reforçando nosso compromisso conjunto na construção de uma sociedade mais segura e justa para todas as mulheres. Por isso, a Uber tem apoiado o Instituto Igarapé desde o lançamento da Plataforma Eva, pois reconhece a relevância de uma ferramenta  que centraliza dados essenciais para compreender os padrões de violência contra a mulher e, assim, combatê-los”, diz Gabriela Silveira, Gerente de Políticas Públicas da Uber.

 

Acesse o estudo aqui.

 

Mais informações: raphael.lima@igarape.org.br; joao@pensatacom.br; press@igarape.org.br

 

Sobre o Instituto Igarapé:

O Instituto Igarapé é um think and do tank independente, que desenvolve pesquisas, soluções e parcerias com o objetivo de impactar tanto políticas como práticas públicas e corporativas na superação dos principais desafios globais. Nossa missão é contribuir para a segurança pública, digital e climática no Brasil e no mundo. O Igarapé é uma instituição sem fins lucrativos e apartidária, com sede no Rio de Janeiro e atuação do nível local ao global. 

 

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