Em novo estudo, InSight Crime e Instituto Igarapé desvendam impactos dos crimes ambientais na selva amazônica peruana e em suas comunidades

Organizações divulgam segundo capítulo do “Mapeamento de Crimes Ambientais na Amazônia”, dedicado ao Peru

 

Com quase 70 milhões de hectares de selva, a Amazônia peruana ocupa mais da metade do território nacional do país andino. Por sua riqueza em recursos naturais, a região vem sendo alvo de uma degradação bastante acelerada. Em 2020, o país alcançou os mais altos níveis de desmatamento de sua história, com um total de 203.272 hectares destruídos, quase 40% a mais que em 2019.

“As raízes do crime ambiental na Amazônia peruana” é a segunda publicação de uma série de estudos desenvolvidos pelo Instituto Igarapé e a InSight Crime que tem como objetivo colocar em evidência de que maneira os crimes ambientais prejudicam os ecossistemas naturais e as comunidades da região. As análises complementam a EcoCrime Data uma plataforma de visualização de dados desenvolvida pelo Instituto Igarapé.

Do avanço descontrolado da fronteira agrícola ao tráfico de animais selvagens, a corrupção move as engrenagens de todos os crimes ambientais na Amazônia peruana. O Peru é o maior produtor de ouro da América Latina, e os preços recordes do mineral provocaram um boom nessa atividade, enriquecendo redes criminosas. Estima-se que 28% do ouro peruano seja extraído ilegalmente. É um dos dez países com maior biodiversidade do mundo, o segundo depois da Colômbia em número e tipos de aves, e está entre os cinco maiores do mundo em diversidade de anfíbios, mamíferos e plantas. Isso o torna um ponto vulnerável para o tráfico de animais selvagens.

A investigação que resulta da parceria entre o Instituto Igarapé e a Insight Crime expõe essas e outras interações entre atores legais e ilegais e como isso resulta em crimes e degradação ambiental em um momento de emergência climática e aceleração das mudanças sociopolíticas no Peru.

“O crime e as ilicitudes ambientais são desafios regionais. Muitas ilegalidades ocorridas no Peru estão ligadas a crimes e ilicitudes ambientais localizados ao longo da Bacia Amazônica. O crime ambiental faz parte de uma economia regional mais ampla”, destaca Melina Risso, Diretora de Pesquisa do Instituto Igarapé.

Além disso, a publicação explica ainda que o governo local não tem conseguido combater o crime ambiental nos últimos anos, principalmente para reduzir ou desmantelar o garimpo ilegal. Esses esforços são dificultados pelo enfraquecimento das proteções ambientais e dos regulamentos fundiários, em que as elites políticas e econômicas são cúmplices ou desconhecem a destruição da floresta tropical.

“Graças à instabilidade política crônica, atores ilegais encontram terreno fértil para cometerem crimes ambientais e depredação no Peru”, reforça Jeremy McDermott, Diretor executivo e Cofundador da InSight Crime.

Por último, é preciso destacar que a confluência da presença de atores corruptos que lucram com crimes ambientais e a crise política que o Peru enfrentou nos últimos anos resultou na falta de capacidade e recursos para combater os crimes ambientais. O Peru terá um longo caminho a percorrer se o governo peruano continuar a priorizar o desenvolvimento econômico sobre a proteção da floresta amazônica.

Apesar desses fatores, “As raízes do crime ambiental na Amazônia peruana” mostra que a ação coletiva — desde o nível local e nacional até o regional e global — é essencial. O estudo aponta uma série de soluções para enfrentar esses desafios, tais como uma abordagem integrada envolvendo instituições que aplicam as leis, autoridades regulatórias ambientais, organizações sem fins lucrativos e, especialmente, comunidades locais. É necessário ter como alvo os atores que atuam nos níveis mais altos da cadeia, pois uma abordagem restrita, baseada na inteligência e na aplicação da lei por si só, é insuficiente.

 

Para ter acesso à íntegra do estudo, clique aqui.

 

Para pedidos de entrevista, favor contatar: press@igarape.org.br / mramirez@insightcrime.org

 

Sobre o Instituto Igarapé:

O Instituto Igarapé é um think and do tank independente focado nas áreas de segurança pública, climática e digital e suas consequências para a democracia. Seu objetivo é propor soluções e parcerias para desafios globais por meio de pesquisas, novas tecnologias, comunicação e influência em políticas públicas.

O Instituto trabalha com governos, setor privado e sociedade civil para desenhar soluções baseadas em dados. Fomos premiados como a melhor ONG de Direitos Humanos no ano de 2018 e melhor think tank em política social pela Prospect Magazine em 2019.

Somos uma instituição sem fins lucrativos, independente e apartidária, com sede no Rio de Janeiro. Nossa atuação, no entanto, transcende fronteiras locais, nacionais e regionais. O Instituto Igarapé tem profissionais em cidades de todas as regiões do Brasil e no Canadá, Colômbia, Estados Unidos e Reino Unido. Temos parcerias e projetos em mais de 20 países.

 

Sobre a InSight Crime (insightcrime.org):

InSight Crime é uma organização sem fins lucrativos dedicada ao estudo da principal ameaça à segurança nacional e cidadã na América Latina e no Caribe: o crime organizado. Por uma década, a InSight Crime atravessou fronteiras e instituições – unimos o jornalismo e recursos acadêmicos – para aprofundar o debate e informar sobre o crime organizado nas Américas. Relatórios locais, pesquisas cuidadosas e investigações impactantes são marcas da organização desde o início.

Para saber mais sobre a cobertura sobre crimes ambientais, acesse: https://insightcrime.org/indepth/environmental-crime/.

 

Acesse o estudo

 

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