Instituto Igarapé revela detalhes sobre lavagem de dinheiro ligada a crimes ambientais e ilícitos econômicos na Amazônia brasileira

Proteger a Amazônia requer uma resposta abrangente que desencoraje ativamente a prática de crimes ambientais e os ilícitos econômicos e de outras naturezas associados.

 

Estudo revela a sofisticação e os diferentes esquemas ilícitos de organizações criminosas que operam nas cadeias produtivas do ouro, da madeira e da mineração para auxiliar as autoridades na identificação e combate dessas práticas.

 

Rio de Janeiro, 29 de abril de 2024: O Instituto Igarapé lançou hoje o terceiro e último estudo da série “Siga o Dinheiro”, intitulado “Siga o Dinheiro: crimes ambientais e ilícitos econômicos em cadeias produtivas na Amazônia brasileira”. Análise se debruça sobre operações da Polícia Federal realizadas na Amazônia brasileira, que tinham como foco crimes ambientais com possíveis ilícitos econômicos associados, para auxiliar as autoridades na identificação e combate dessas práticas.

O estudo detalha como o ecossistema criminoso opera em cada etapa da cadeia produtiva do ouro, da madeira e da pecuária – três grandes motores do desmatamento na Amazônia. Ao analisar as categorias de ilícitos econômicos, incluindo lavagem de dinheiro, lavagem de ativos ambientais, fraudes e corrupção, o relatório oferece uma perspectiva inédita sobre como o crime ambiental se torna ainda mais rentável no Brasil. Destacando a corrupção e a fraude como práticas comuns em todas essas cadeias produtivas, o relatório também examina como as ferramentas digitais estão facilitando a grilagem de terras e lavagem de dinheiro na região amazônica.

Mesmo empresas integradas aos mercados formais não estão imunes a essas atividades ilícitas, uma vez que as economias ilegais na Amazônia brasileira operam por meio de uma complexa rede, abrangendo questões ambientais e não ambientais, como corrupção, fraude, lavagem de dinheiro, crimes violentos e tráfico de diversos tipos. O dinheiro “sujo”, vindo de outras economias ilegais, também é usado para financiar a ilegalidade nas cadeias produtivas que pressionam o desmatamento.

Outro ponto salientado pela pesquisa é que a fragmentação de normas e órgãos de controle e fiscalização e a dificuldade de integrar as informações entre diversas instituições dificultam as investigações sobre os ilícitos econômicos que viabilizam e sustentam esses crimes. Além disso, as dimensões continentais da Amazônia exigem uma abordagem mais efetiva do que operações policiais para combater os crimes ambientais. Por isso, os instrumentos ligados à prevenção da lavagem de dinheiro são tão importantes.

Ao final do estudo, o Instituto Igarapé oferece uma série de recomendações gerais e específicas para cada cadeia produtiva. Entre elas, a de reforçar os mecanismos de cooperação regional e internacional, em especial para a identificação de fluxos financeiros ilícitos e ativos ambientais ilegais.

“Proteger a Amazônia requer um esforço coletivo e a coordenação de diferentes autoridades”, afirma Melina Risso, Diretora de Pesquisa do Instituto Igarapé. “Compreender e interromper os fluxos econômicos ilícitos ligados às cadeias que pressionam o desmatamento é crucial para deter a destruição criminosa da floresta e seus povos” finaliza.

Acesse o estudo completo

 

Mais informações: raphael.lima@igarape.org.br/press@igarape.org.br/ joao@pensatacom.com

 

SOBRE A SÉRIE “SIGA O DINHEIRO”

O Instituto Igarapé, nos últimos anos, vem conduzindo uma linha de trabalho sobre o ecossistema do crime ambiental na Bacia Amazônica, na qual se inclui a série “Siga o Dinheiro”, iniciada em junho de 2023. No primeiro estudo, foi apontada a necessidade de os sistemas, órgãos e instituições responsáveis por prevenir a lavagem de dinheiro voltarem a atenção para as  conexões dessa prática ilícita aos crimes ambientais. No segundo, mostrou-se como a lavagem do dinheiro oriundo de crimes ambientais na Amazônia não é percebida pelos órgãos e sistemas de fiscalização, regulação e punição responsáveis pelo combate a fluxos financeiros ilícitos no Brasil, Colômbia e Peru.

Agora, neste terceiro e último estudo da série, foram analisadas as 131 operações realizadas pela Polícia Federal na Amazônia brasileira, entre 2016 e 2022,  com foco em crime ambiental e com possíveis ilícitos econômicos associados, envolvendo três das principais cadeias produtivas da região: ouro, madeira e pecuária. A pergunta que se procura responder é: como o crime ambiental lucra tanto? Quais são os meios e os mecanismos por trás dessa grande lucratividade? É um ecossistema criminoso que existe essencialmente para gerar ganhos financeiros. Por isso, ampliamos o enfoque e criamos uma categoria analítica de ilícitos econômicos para compreender como o crime ambiental se transforma em recursos econômicos. São elas: lavagem de dinheiro,  lavagem de ativos ambientais, fraudes e corrupção.

 

Sobre o Instituto Igarapé 

O Instituto Igarapé é um think and do tank independente, que desenvolve pesquisas, soluções e parcerias com o objetivo de impactar tanto políticas como práticas públicas e corporativas na superação dos principais desafios globais. Nossa missão é contribuir para a segurança pública, digital e climática no Brasil e no mundo. O Igarapé é uma instituição sem fins lucrativos e apartidária, com sede no Rio de Janeiro e atuação do nível local ao global.

 

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