Instituto Igarapé lança ferramenta para ajudar empresas, investidores e governos a analisar riscos e oportunidades na Amazônia

Ferramenta ‘Amazônia in Loco’ traz mapas e gráficos interativos com 86 indicadores de todos os municípios da Amazônia Legal. Objetivo é oferecer dados para atrair capital responsável na região

Existe hoje uma série de ferramentas que oferecem dados sobre a Amazônia e os desafios socioambientais do Brasil. São exemplos o MapBiomas, a PrevisIA e o Selo Verde, que mostram, respectivamente, a cobertura e uso da terra no país, as áreas de risco iminente de desmatamento na Amazônia por meio de inteligência artificial, e informações socioambientais das propriedades do estado do Pará. Há uma carência, no entanto, de informações em nível local, detalhadas e reunidas numa só plataforma, para, por um lado balizar e acelerar o investimento responsável na região, e por outro, aprimorar a focalização e o monitoramento dos impactos de políticas públicas.

Para suprir essa lacuna, o Instituto Igarapé está lançando o Amazônia In Loco, ferramenta com mapas e gráficos interativos reunindo 25 bases de dados e apresentando 86 indicadores dos 772 municípios que compõem a Amazônia Legal brasileira. Esses municípios abrangem cerca de 6,7 milhões de quilômetros quadrados da região. São dados demográficos, socioambientais e econômicos que oferecem uma visão profunda e completa sobre os territórios, incluindo, entre outros, o uso da terra, as áreas mais ricas em diversidade, indicadores de desmatamento, conflitos rurais, embargos do Ibama, tecnologias sustentáveis adotadas, taxas de emissão de gases de efeito estufa e produtividade econômica.

A interface intuitiva foi projetada para facilitar a tomada de decisões e estimular o investimento responsável e sustentável por empresas, investidores e instituições financeiras que já atuam na Amazônia ou que têm interesse em fazer negócios na região. A ferramenta permite que as empresas fortaleçam seus processos de due diligence, reduzam a exposição ao risco e evitem o acirramento das tensões na região. Autoridades públicas, planejadores e formuladores de políticas também podem obter uma visão mais clara de suas jurisdições e impactos de políticas públicas e contrapartidas de atores privados ao analisar dados de forma integrada e georreferenciada.

“Para reduzir o desmatamento e as ilegalidades na Amazônia é necessário atrair capital responsável para desenvolver de forma sustentável a região. O Igarapé tem convicção de que realizar negócios em qualquer bioma exige ter a noção completa do território e incluir essa perspectiva na matriz de risco”, afirma a co-fundadora e presidente do Instituto Igarapé, Ilona Szabó. “Com o Amazônia in Loco será possível identificar novas oportunidades de negócios e soluções, construir métricas ESG mais precisas com base no território, aprimorar a abordagem da responsabilidade social corporativa e ter uma maior conscientização sobre os desafios e oportunidades no nível municipal. O objetivo é que todos ganhem: comunidades locais, populações originárias, setor privado e governos, em benefício do presente e do futuro da floresta, de seus povos e de todos nós.”

Segurança Climática

A ferramenta foi desenvolvida pelo Igarapé dentro do Programa Segurança Climática, dedicado a fortalecer políticas públicas e corporativas nas relações entre clima e segurança. Desde 2019, o programa mantém uma abrangente iniciativa nos países da Bacia Amazônica para a proteção das florestas, seus povos, e da biodiversidade, por meio do fortalecimento do estado de direito na região, do combate ao ecossistema do crime ambiental e da viabilização de novos modelos econômicos de desenvolvimento sustentável, com soluções que dão foco à transparência, à rastreabilidade e à análise de risco informada – como o Amazônia in Loco.

O programa do Igarapé tem trabalhado para gerar mudanças nas políticas públicas e na governança nacional, regional e global, bem como incentivar os compromissos e aprimorar padrões socioambientais adotados pelo setor privado. Para isso desenvolve pesquisas aplicadas, fomenta novos arranjos de governança e parcerias multissetoriais, auxilia diferentes governos a desenvolverem e implementarem políticas públicas efetivas, bem como influencia a melhoria de regulações e ações do setor público e da iniciativa privada. Um foco específico é acelerar os compromissos climáticos, principalmente o desmatamento zero e a proteção da biodiversidade e regeneração da natureza.

“A Amazônia está se aproximando de um perigoso ponto de inflexão, em que os incêndios e o desmatamento ilegal podem comprometer de maneira irreversível a maior floresta tropical do mundo”, ressalta Ilona Szabó, que desde o ano passado também integra o Conselho Consultivo de Alto Nível do Secretário-Geral da ONU sobre Multilateralismo Efetivo. Ela vem se dedicando ao estudo e construção de sistemas multilaterais efetivos e mais inclusivos, além de parcerias multissetoriais entre governos, sociedade civil e setor privado, para dar conta dos desafios geopolíticos, econômicos e climáticos. 

Para Ilona, as métricas ambientais precisam andar juntas com as métricas sociais. “Hoje, as informações utilizadas são insuficientes”, destaca. “Além de tratarem do macro do negócio, não capturam informações do território onde atuam, bem como de suas cadeias produtivas. É possível aprimorar, capturar informações de onde a operação acontece e de forma desagregada, triangular com outros dados públicos, com imagens de satélites e pesquisas de campo quando necessário. Tudo para aprimorar as metodologias de análise de risco.”

Essa tarefa é especialmente importante na Bacia Amazônica, em que o desafio é agravado por um ecossistema de crimes que vão desde a grilagem de terras e extração ilegal de madeira a fraudes, corrupção, lavagem de dinheiro e violência, em especial contra os povos indígenas e defensores do meio ambiente. “É um cenário decorrente em grande parte da certeza da impunidade, por conta de um estado com pouca presença e capacidade de aplicação da lei na região, e da baixa percepção de que há alternativas economicamente viáveis para manter a floresta em pé”, afirma Ilona.

Acesse a ferramenta: http://amazoniainloco.org

Para entrevistas, favor contatar: press@igarape.org.br 

Sobre o Instituto Igarapé

O Instituto Igarapé é um think and do tank independente focado nas áreas de segurança pública, climática e digital e suas consequências para a democracia. Seu objetivo é propor soluções e parcerias para desafios globais por meio de pesquisas, novas tecnologias,  comunicação e influência em políticas públicas.

O Instituto trabalha com governos, setor privado e sociedade civil para desenhar soluções baseadas em dados. Fomos premiados como a melhor ONG de Direitos Humanos no ano de 2018 e melhor think tank em política social pela Prospect Magazine em 2019.

Somos uma instituição sem fins lucrativos, independente e apartidária, com sede no Rio de Janeiro. Nossa atuação, no entanto, transcende fronteiras locais, nacionais e regionais. O Instituto Igarapé tem profissionais em cidades de todas as regiões do Brasil e no Canadá, Colômbia, Estados Unidos e Reino Unido. Temos parcerias e projetos em mais de 20 países. 

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