Faroeste caboclo no país da Terra plana

Publicado no Estadão

Com Michele dos Ramos

“Em relação à carnificina que provocam, as armas de uso individual podem ser comparadas às armas de destruição em massa”, disse Kofi Annan, ex-secretário-geral das Nações Unidas. A frase é de 2000. No ano seguinte, a ONU realizou em Nova York a Primeira Conferência Internacional sobre Armas de Fogo – o Brasil do presidente Fernando Henrique enviou uma das maiores delegações, com representantes do governo e da sociedade civil. Se existe um consenso no planeta Terra – aquele que é azul e, para espanto de alguns, redondo – é o que defende o controle das armas de uso individual. Tal entendimento, baseado em evidências e estudos acadêmicos, formou-se há mais de 20 anos. Da conferência de Nova York para cá vários países criaram leis nessa direção.

O espírito de tais leis – incluindo a brasileira, alinhada ao consenso internacional – é impedir que as armas turbinem os homicídios ou caiam nas mãos do crime. Os vários decretos do presidente Jair Bolsonaro sobre o assunto, incluindo os que foram publicados na sexta-feira de carnaval, vão na contramão desse espírito. Eles emasculam o Exército e a Polícia Federal em seu poder de fiscalizar os armamentos. No limite, dificultam a investigação de crimes por parte das polícias, como mostra Michele dos Ramos, assessora especial do Instituto Igarapé e mestre em segurança internacional. Ela é a personagem do minipodcast da semana.

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