Estudo mostra que oito em cada dez armas apreendidas no Rio são revólver ou pistola

 

Setembro, 2015

 

RIO – Em meio ao debate sobre mudanças no Estatuto do Desarmamento e a facilidade na entrada de armas ilegais pela fronteira do país, três organizações da sociedade civil (Instituto Igarapé, Sou da Paz e Viva Rio) lançaram um estudo em que destacam que oito em cada dez armas apreendidas no Rio são revólver ou pistola. O documento busca aperfeiçoar a legislação de controle de armas e munições no Brasil, sendo contrário a uma maior flexibilização do Estatuto para ampliar o porte de armamentos.

— De todas as armas apreendidas no Rio, os fuzis ainda apresentam uma porcentagem muito baixa. O número tem crescido nos últimos tempos, mas ainda é minoritário se comparado com revolveres e pistolas. É inegável que precisamos melhorar a fiscalização. A questão das fronteiras é importantíssima, mas também precisamos ver o nosso quintal. É fundamental que o controle de armas seja reforçado — defendeu Ivan Marques, diretor executivo do Sou da Paz.

Segundo o Instituto de Segurança Pública, das 5.425 armas apreendidas até julho deste ano, 4.400 são revólveres e pistolas. O estudo das ONGs aponta ainda que a maioria é de fabricação nacional e de calibre permitido.

A pesquisadora Michele dos Ramos, do Instituto Igarapé, alerta também para o aumento no número de armas de grosso calibre. As estatísticas no Rio revelam um aumento médio de 70% nas apreensões de fuzis e granadas, em comparação com o ano passado. Para Michele, uma legislação específica deve ser aplicada para esse tipo armamento com maior poder de fogo.

— As armas de uso restrito têm um potencial de transfixação e de alcance muito maiores do que a de outras armas de calibre inferior. Então, obviamente têm um impacto específico, diferente dos outros tipos de armas — afirmou.

Nesta quarta-feira, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, se reuniu com parlamentares no Senado e reforçou o pedido para aumentar a pena por posse ou porte de arma de uso restrito.

— O que um cidadão quer com um fuzil ou uma granada no território brasileiro? Isso não é possível. No Rio de Janeiro, apreende-se mais de um fuzil por dia. Então, há necessidade de essas pessoas sofrerem apenamento forte e com isso recuperar um dos requisitos da própria pena, que é seu caráter exemplar — argumentou Beltrame, que defende que seja aplicado uma pena de quatro a oito anos para quem for flagrado portando armamento de uso proibido ou restrito às forças de segurança.

Atualmente, a pena para esse tipo de crime é de três a seis anos de reclusão. As penas são as mesmas para quem é pego com uma pistola, com um fuzil ou metralhadora.

O Globo

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