Siga o dinheiro: conectando sistemas de proteção contra a lavagem de dinheiro para combater a prática de crime ambiental na Amazônia

O crime ambiental se tornou a terceira atividade criminosa mais lucrativa do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e o contrabando. Estima-se que entre 110 e 281 bilhões de dólares em lucros sejam gerados anualmente. Entre 2006 e 2016, os crimes ambientais cresceram entre 5% e 7% ao ano, uma taxa duas ou três vezes mais rápida do que a de crescimento do PIB global. A lavagem de dinheiro faz parte da engrenagem criminosa que dilapida a Floresta  Amazônica e ela não tem sido priorizada como deveria.

O estudo Siga o dinheiro: conectando sistemas de proteção contra a lavagem de dinheiro para combater a prática de crime ambiental na Amazônia aponta a necessidade de os sistemas, órgãos e instituições responsáveis por prevenir a lavagem de dinheiro voltarem a atenção para as  conexões dessa prática ilícita aos crimes ambientais. A publicação mostra que o ciclo da lavagem de dinheiro segue três etapas até que os recursos lavados possam seguir para o sistema financeiro: inserção, ocultação e integração. No entanto, nem todos os recursos provenientes da atividade criminosa são lavados diretamente no sistema financeiro formal. Assim, a diversificação informal constitui o processo de movimentar os fluxos ilegais para dentro da economia informal.

Estima-se que 30% do dinheiro a ser lavado seja usado para pagar as despesas de operação das economias ilícitas. Transações com dinheiro em espécie, divididas em valores pequenos e depositadas por “mulas monetárias”, são usadas para financiar a contratação de mão de obra precária, acomodações, alimentação, segurança, transporte, serviços de saúde, lazer e maquinário, por exemplo. Os 70% que restam dos recursos ilícitos são inseridos formalmente no sistema financeiro. 

O estudo relembra, ainda, que o Banco Mundial estimou, em 2019, que os governos perdem entre 6 e 9 bilhões de dólares em receitas fiscais todos os anos devido à exploração ilegal de madeira. Da mesma forma, outros crimes ambientais como a mineração ilegal, principalmente a de ouro e diamantes, gera entre 12 e 48 bilhões de dólares em rendimentos. Em 2018, o Atlas Mundial de Fluxos Ilícitos da Interpol apurou que a extração ilegal de madeira correspondia a um percentual entre 15% e 30% do comércio global de madeira, calculado entre 51 bilhões e 152 bilhões de dólares por ano. A indústria da exploração ilegal de madeira é responsável por até 90% do desmatamento da floresta tropical em países africanos como a República Democrática do Congo.

O combate aos fluxos financeiros ilícitos é uma poderosa ferramenta para o desmantelamento das economias ilegais. Isso torna-se ainda mais relevante quando se identifica que a lavagem de dinheiro alimenta um ecossistema de criminalidade ambiental composto por uma convergência de crimes ambientais e não ambientais, como corrupção, estelionato, evasão fiscal entre outros.

 

Leia a publicação

The Igarapé Institute uses cookies and other similar technologies to improve your experience, in accordance with our Privacy Policy and our Terms of Use, and by continuing to browse, you agree to these conditions.

O Instituto Igarapé utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência, de acordo com a nossa Política de Privacidade e nossos Termos de Uso e, ao continuar navegando, você concorda com essas condições.

Pular para o conteúdo