Milícias e tráfico sustentam redutos eleitorais no Rio

Publicado na IstoÉ

Com Ilona Szabó

A cientista política Ilona Szabó foi integrada ao elenco dos 50 mais importantes pensadores do mundo em 2020 pela revista britânica Prospect. Mas talvez esse não tenha sido o maior prêmio de sua carreira. Em 2019, ela foi indicada pelo então ministro da Justiça, Sergio Moro, para assumir uma suplência no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. Especialista na área de segurança pública, Ilona não receberia nenhum salário pela representação. No entanto, ataques de bolsonaristas nas redes sociais fizeram Moro revogar a nomeação. O posicionamento de Ilona, contrário à disseminação de armas pelo País, foi o tema mais sensível aos seguidores do presidente. Hoje, ela é diretora-executiva do Instituto Igarapé e falou à ISTOÉ sobre a política nacional e o massacre na Favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro.

A tragédia com 28 mortes na Favela do Jacarezinho reabriu o debate sobre a segurança pública no Rio de Janeiro. Como vê essa situação?

O estado do Rio de Janeiro convive há muitos anos com problemas que não enfrenta no âmbito da segurança pública, que tem a ver com domínio territorial. Para enfrentar o tráfico foi criado um remédio fora da lei, que são as milícias. Hoje o território dos milicianos já corresponde a 57%. Acredito que o Rio só vai dar a volta por cima no sentido da segurança pública se a gente trabalhar em três frentes. A primeira é a redução da letalidade. A segunda frente é o enfrentamento ao crime organizado. E a terceira questão é o combate à corrupção policial, que tem de pano de fundo a corrupção política no estado. O que se vê é uma estratégia baseada no confronto e na letalidade. Nos últimos 10 anos, foram mais de 9.200 pessoas mortas em ações policiais, que também vitimaram 241 agentes. A média de mortos no Rio é superior a dos Estados Unidos, que têm uma população de 300 milhões de habitantes.

Leia mais

The Igarapé Institute uses cookies and other similar technologies to improve your experience, in accordance with our Privacy Policy and our Terms of Use, and by continuing to browse, you agree to these conditions.

O Instituto Igarapé utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência, de acordo com a nossa Política de Privacidade e nossos Termos de Uso e, ao continuar navegando, você concorda com essas condições.

Pular para o conteúdo