União Europeia apoia novas pesquisas sobre o impacto do crime organizado em áreas remotas da Amazônia.
Bogotá, 25 de março de 2025 – Nesta terça-feira, 25 de março, foi lançado o projeto “Segurança, Conflitividade e Meio Ambiente na Amazônia”, uma iniciativa da União Europeia implementada pela Fundação para a Conservação e o Desenvolvimento Sustentável (FCDS) da Colômbia e pelo Instituto Igarapé, do Brasil. O lançamento contou com a participação do Embaixador da União Europeia na Colômbia, Gilles Bertrand, além de diversas embaixadoras e embaixadores dos países-membros; do Diretor-Geral da FCDS, Rodrigo Botero; do Vice-Ministro das Relações Exteriores, Mauricio Jaramillo; do Vice-Ministro do Meio Ambiente, Mauricio Cabrera; do Diretor de Parques Nacionais Naturais, Luisz Olmedo Martínez; da Diretora da Human Rights Watch para as Américas, Juanita Goebertus; da Diretora de Substituição de Cultivos de Uso Ilícito, Gloria Miranda; dos deputados Juan Carlos Losada e Julia Miranda; bem como representantes da Defensoria do Povo, da Procuradoria-Geral da Nação, de outras entidades do Estado colombiano, do meio acadêmico, da comunidade internacional e da sociedade civil. Este projeto é financiado pelo Instrumento de Política Externa da União Europeia (FPI, na sigla em inglês).
Com um orçamento superior a 5,5 milhões de Pesos Colombianos (cerca de 1,2 milhão de Euros), o projeto tem como objetivo gerar informações precisas e estratégicas que contribuam para que tomadores de decisão compreendam em profundidade as dinâmicas do crime e dos conflitos ambientais, bem como seu impacto na proteção da natureza e na vida das comunidades locais na Colômbia e no Brasil — com a possibilidade de incluir outros países da região que compartilham a Amazônia Norocidental.
Além de aprimorar a compreensão, o projeto ‘Amazônia’ busca ir além, promovendo a prevenção e o enfrentamento de conflitos socioambientais e do crime na Amazônia Norocidental por meio do apoio a políticas e ações concretas, com total respeito à soberania e em coordenação com os governos nacionais dos países anfitriões do projeto.
Espera-se que essa problemática seja apresentada em espaços de tomada de decisão de relevância internacional, como a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2025 (COP 30), que será realizada no Brasil, e a Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e a União Europeia, que ocorrerá na Colômbia no final de 2025. Esses eventos representam marcos importantes na estratégia de visibilização da necessidade de conservar a Amazônia e de desenvolver acordos mais contundentes, passíveis de implementação pelos países do bioma com apoio internacional.
Sobre o tema, o Embaixador da União Europeia na Colômbia declarou: “Nos últimos anos, as áreas mais remotas da Amazônia têm registrado um forte crescimento da mineração ilegal e do tráfico de drogas com destino ao Brasil e à Europa. Por razões ambientais, de segurança e de defesa das comunidades indígenas isoladas que vivem nessas regiões, consideramos indispensável agir antes que essa tendência saia do controle. Para isso, precisamos de dados e informações robustas, além de espaços de concertação e incidência com os países da região. Esse é o objetivo deste novo projeto da União Europeia com dois parceiros reconhecidos: a Fundação para a Conservação e o Desenvolvimento Sustentável, na Colômbia, e o Instituto Igarapé, no Brasil.”
A Amazônia Norocidental enfrenta problemas ambientais e sociais sem precedentes. Entre 2015 e 2023, essa região — que abrange Colômbia, Brasil, Equador, Peru, Venezuela e Bolívia — perdeu aproximadamente 18.993.131 de hectares de floresta, quase o equivalente ao tamanho de um país como o Uruguai, segundo dados do Global Forest Watch. Se o desmatamento continuar no ritmo atual, um ponto de não retorno poderá ser alcançado em 2035, com consequências irreversíveis para a biodiversidade, o clima global e as comunidades que habitam essa região.
Além disso, há desafios significativos na área da segurança, com economias ilícitas cada vez mais interligadas, como o tráfico de drogas, a mineração ilegal e a ocupação de terras. Fatores como a vasta extensão territorial, a abundância de recursos naturais, a presença limitada do Estado e os baixos custos de produção têm facilitado a proliferação de atividades ilegais e conflitos sociais. Por isso, uma abordagem que considere a interdependência entre clima, meio ambiente e segurança significa proteger a Amazônia Norocidental e preservar 25% da biodiversidade do planeta e 38% das florestas tropicais do mundo.
Rodrigo Botero, diretor da FCDS, explica a relevância deste projeto: “Assim como os impactos da degradação e da perda de florestas na Amazônia Norocidental não conhecem fronteiras e afetam o equilíbrio ambiental do planeta, os fluxos da criminalidade também não respeitam limites territoriais. Nesse sentido, é fundamental analisar os padrões e os motores do desmatamento sob uma perspectiva regional. A conexão entre os países amazônicos é o epicentro de atividades criminosas que afetam tanto as comunidades locais quanto os ecossistemas. Compreender esses padrões permite desenhar estratégias de controle territorial, governança e conservação mais eficazes.”
“Não vamos alcançar a meta de 1,5 grau se não conservarmos a Amazônia. A Amazônia corre o risco de atingir um ponto de não retorno, como muitos cientistas já identificaram, e parte dessas ameaças são as economias ilícitas que hoje estão presentes no território. Por isso, este projeto é tão fundamental: precisamos compreender profundamente essas dinâmicas transnacionais e agir de forma coordenada entre os diferentes países para proteger a floresta”, afirma Melina Risso, diretora de pesquisa do Instituto Igarapé.
Para a União Europeia, a Fundação para a Conservação e o Desenvolvimento Sustentável (FCDS) e o Instituto Igarapé, a Amazônia é um ecossistema-chave para a consolidação da paz, a estabilidade climática e a biodiversidade global. Compreender em profundidade as dinâmicas que afetam a região e agir com base em informações precisas é vital para proteger sua riqueza natural, ao mesmo tempo em que se envolve ativamente as comunidades que nela vivem e a conservam, promovendo a governança ambiental e a defesa dos direitos humanos — para além das fronteiras que compartilham esse bioma essencial para a vida na Terra.
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