Publicação discute os legados da MINUSTAH para o Brasil
Coletânea de artigos organizada pelo Instituto Igarapé e pelo CCOPAB analisa a contribuição do país à missão de paz no Haiti
Press Release, 18/10/2017
No dia 15 de outubro foi encerrada oficialmente a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH). Considerando o ineditismo dessa missão para o Brasil, o Instituto Igarapé e o Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB) reuniram um time de especialistas e profissionais – que inclui militares e policiais que participaram da missão, acadêmicos, diplomatas e representantes da sociedade civil – para uma análise multidisciplinar sobre o impacto da missão. O esforço resultou no livro “A participação do Brasil na MINUSTAH (2004-2017): percepções, lições e práticas relevantes para futuras missões”, que será lançado nesta quarta (18), em Brasília, em evento que celebra o término da missão, organizado pelo Exército Brasileiro.
A MINUSTAH, iniciada em 1º de junho de 2004, foi a operação internacional mais longa das Forças Armadas brasileiras, contabilizando 13 anos e 137 dias. Contou com o maior número de tropas brasileiras já desdobrado (37.449 militares, de acordo com o Ministério da Defesa) e, em toda sua duração, foi comandada apenas por oficiais generais brasileiros. Além disso, a cooperação técnica entre o Brasil e o Haiti se estreitou no período, inserindo organizações não-governamentais brasileiras em trabalhos ligados ao desenvolvimento social e humanitário no país caribenho.
“A participação do Brasil na MINUSTAH (2004-2017)” é uma coletânea de artigos curtos, majoritariamente inéditos, escritos por especialistas de diversas áreas de conhecimento que tiveram envolvimento direto com a missão. Os artigos tratam, entre outros temas, dos desafios das operações militares, a experiência de policiais brasileiros na missão, o papel da justiça militar na investigação de crimes, além de uma análise sobre a incorporação de uma abordagem de gênero pelas tropas brasileiras. São também oferecidos olhares pouco comuns nas análises feitas até agora – como os desafios enfrentados por uma ONG, e a importância da música popular brasileira como facilitadora diplomática no país.
Sobre a MINUSTAH
A missão foi uma importante oportunidade para o Brasil alcançar maior protagonismo em questões relacionadas à paz e à segurança internacional, especialmente como ator relevante na América Latina e Caribe. Ao longo desses treze anos, o Brasil foi membro não-permanente do Conselho de Segurança por duas vezes (2004-2005 e 2010-2011), o que permitiu a promoção das posições brasileiras, bem como que se colhesse os frutos políticos decorrentes da atuação de seus nacionais no Haiti. No âmbito militar, foram enviados mais de 37 mil soldados, experiência essa que transformou e enriqueceu a atuação das Forças Armadas brasileiras. Já no âmbito policial, ainda que poucos, os oficiais brasileiros desempenharam funções-chave em apoio à Polícia da ONU (UNPOL) e à Polícia Nacional do Haiti.
A participação brasileira na MINUSTAH levou a reflexões profundas, relevantes não apenas para a historiografia, mas principalmente para orientar a tomada de decisão em um futuro próximo – em que o país enviará novamente seus nacionais para servir em missões de paz da ONU.
Leia a pesquisa
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