Fora do radar: riscos de segurança territorial e regulatória na Amazônia Brasileira e colombiana
Ameaças à segurança física, conflitos fundiários, degradação ambiental e fraca presença do Estado estão entre os desafios mais urgentes enfrentados por organizações do Brasil e da Colômbia que atuam na linha de frente da Amazônia. Esses riscos são agravados pela demanda global por commodities — incluindo madeira, ouro, carne bovina e soja —, e pela presença cada vez mais forte dos grupos criminosos, que buscam consolidar o controle territorial e a influência política por meio de intimidação, corrupção e cooptação de estruturas locais de governança.
Tanto no Brasil quanto na Colômbia, atores da sociedade civil relataram se sentir mais expostos à insegurança territorial do que seus equivalentes no setor privado, e pediram instituições mais fortes, melhor governança e modelos de desenvolvimento inclusivos baseados nas realidades locais.
Essas constatações são resultado de uma pesquisa online e de uma série de entrevistas com informantes-chave conduzidas pelo Instituto Igarapé entre outubro de 2024 e abril de 2025. O estudo buscou avaliar melhor as percepções de risco e as soluções propostas por instituições de pesquisa, organizações não governamentais e atores do setor privado atuantes na Amazônia.
Para enfrentar a convergência crescente de riscos territoriais, ambientais e de governança que comprometem o desenvolvimento sustentável da Amazônia, assim como as metas de longo prazo em clima e biodiversidade, o relatório propõe uma estratégia dupla: fortalecer as instituições oficiais e, ao mesmo tempo, adotar modelos híbridos de governança que reflitam as realidades locais.
O futuro da Amazônia depende de investimentos estruturados e éticos, baseados no território, que conectem a ambição política ao conhecimento operacional das frentes de atuação. Investidores de impacto, autoridades públicas e doadores também devem se adaptar, incorporando avaliações de risco territorial e regulatório em todo o planejamento de projetos, além de investir na capacitação de implementadores.
Essas recomendações se dirigem a governos nacionais e subnacionais, organizações filantrópicas, doadores internacionais e, acima de tudo, às comunidades que dependem e defendem a floresta.
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Conheça mais sobre o tema no estudo Como transformar a economia na Amazônia e no Artigo Estratégico 64, Dinâmicas do ecossistema dos crimes ambientais na Amazônia Legal