Amazônia saqueada: as raízes do crime ambiental em cinco países amazônicos

Já que o desmatamento ilegal não respeita fronteiras, o Instituto Igarapé e a InSight Crime publicam uma investigação intitulada “Amazônia saqueada: as raízes do crime ambiental em cinco países amazônicos” sobre crimes ambientais em cinco países da região: Equador, Venezuela, Bolívia, Guiana e Suriname. Com terras nesses cinco países representando cerca de 20% da Bacia Amazônica, eles perderam coletivamente 10 milhões de hectares de floresta na última década – uma área equivalente à de Portugal.

Na Bolívia, o aumento na derrubada e queimada de terras alimentou incêndios florestais que consumiram grandes extensões da floresta. Os efeitos perversos da devastação são muitas vezes provocados por agricultores que derrubam árvores ilegalmente para cultivar soja e criar gado. Mas grande parte do desmatamento beneficia o grande agronegócio com vínculos com o governo, segundo a investigação.

Da mesma forma, dezenas de milhares de hectares da Amazônia equatoriana foram invadidos para alimentar a cadeia de produção do óleo de palma. Valiosas madeiras de lei e balsa, usadas em pás de turbinas eólicas, também estão sendo roubadas por traficantes de madeira para suprir a demanda chinesa.

“Amazônia saqueada: as raízes do crime ambiental em cinco países amazônicos” é a terceira publicação de uma série de estudos desenvolvidos pelo Instituto Igarapé e a InSight Crime que tem como objetivo colocar em evidência de que maneira os crimes ambientais prejudicam os ecossistemas naturais e as comunidades da região. As análises complementam a EcoCrime Data, uma plataforma de visualização de dados desenvolvida pelo Instituto Igarapé.

No coração da Amazônia venezuelana, rios e florestas estão sendo contaminados com mercúrio da extração ilegal de ouro administrada por gangues criminosas e grupos armados colombianos. Nossa investigação mapeia esses grupos, que incluem a gangue venezuelana El Peru Syndicate, dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e unidades da força rebelde colombiana, o Exército de Libertação Nacional (ELN). Grande parte do ouro acaba nos cofres do banco central da Venezuela, para ser vendido para sustentar o presidente Nicolás Maduro.

Milhões de dólares em ouro venezuelano ilegal também são enviados para a vizinha Guiana, outra nação amazônica, onde são adicionados à sua produção. A Guiana tem menos de uma dúzia de fiscais para mais de 9 mil locais de mineração. Os abusos são desenfreados. O vizinho Suriname também serve como um centro de lavagem de ouro ilegal da Venezuela, Guiana e Guiana Francesa, com uma produção predatória de ouro.

“Amazônia saqueada: as raízes do crime ambiental em cinco países amazônicos” mostra que a ação coletiva — desde o nível local e nacional até o regional e global — é essencial. O estudo aponta uma série de soluções para enfrentar esses desafios, tais como uma abordagem integrada envolvendo instituições que aplicam as leis, autoridades regulatórias ambientais, organizações sem fins lucrativos e, especialmente, comunidades locais. É necessário ter como alvo os atores que atuam nos níveis mais altos da cadeia, pois uma abordagem restrita, baseada na inteligência e na aplicação da lei por si só, é insuficiente.

 

Leia a publicação

 

Conheça a plataforma EcoCrime Data

 

Segurança Climática no Igarapé

 

O Instituto Igarapé utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência, de acordo com a nossa Política de Privacidade e nossos Termos de Uso e, ao continuar navegando, você concorda com essas condições.

Pular para o conteúdo