Tropas começam a agir nas ruas

Patrulhamento é para reduzir os roubos a pedestres, como o de celulares, e ataques em ônibus

26/03/2018
Por Bruna Fantti
Publicado originalmente em O Dia

Rio – Na véspera de completar 40 dias do anúncio da intervenção federal na Segurança Pública do Rio, o Exército começou a reforçar o patrulhamento nas ruas. Em nota, o Gabinete de Intervenção Federal (GIF) anunciou nesta segunda-feira que “as tropas das Forças Armadas circularam pela cidade e fizeram reconhecimentos para escolher os pontos onde permanecerão a partir desta terça-feira”. Não foi divulgado o número de militares estão envolvidos no novo esquema de policiamento. No entanto, eles devem ficar na rua, a princípio, até às 19h.

Segundo o porta-voz do GIF, coronel Carlos Cinelli, “virtualmente todos os bairros das Zonas Norte, Sul e Centro serão contemplados com patrulhamento em algum momento, já que itinerários, efetivos e áreas serão variáveis”. Nesta segunda-feira, o oficial afirmou que as tropas patrulharam com motos e alguns pontos selecionados foram o cruzamento das avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, a Praia de Copacabana na altura do Copacabana Palace e a orla de Botafogo na altura do Praia Shopping. O DIA percorreu o Centro, mas não localizou militares em atuação.

Horas após se retirarem da orla, tiros foram ouvidos no Praia Shopping e houve correria. Segundo frequentadores, criminosos tentaram assaltar loja e a PM foi acionada.

As áreas que terão o policiamento reforçado são as de grande movimentação de pessoas. O intuito é reduzir roubos a pedestres, como o de celulares e os ataques em ônibus. Só em janeiro, no estado, houve aumento de 52,5% no roubo a transeuntes em relação ao mesmo mês de 2017, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP). O DIA apurou que para a escolha das ruas que terão o reforço de militares, o GIF utilizou o ISPGeo, uma ferramenta de análise criminal desenvolvida pelo ISP em parceria com o Instituto Igarapé.

O programa é atualizado duas vezes ao dia com os crimes cometidos e mapas de calor são gerados. Assim, as polícias podem saber o local da chamada mancha criminal diariamente, ou seja, onde os crimes possuem maior concentração. Antes da Intervenção Federal só as polícias tinham acesso. Agora, os militares também possuem acesso ao programa.

“Como a mancha muda diariamente, o planejamento irá seguir os mapas de calor gerados. Assim, não haverá uma patrulha fixa. O efetivo empregado também será de acordo com a necessidade”, afirmou um oficial que faz parte do planejamento operacional do GIF.

De acordo com o especialista em Segurança Vinícius Cavalcante, o deslocamento da tropa no policiamento será essencial para a diminuição dos índices criminais. “Toda a presença ostensiva de tropa é positiva porque vai dissuadir, desencorajar as ações criminosas no local onde a tropa estará baseada. Mas a criminalidade é dinâmica. Ou seja, ainda que se retraia no local patrulhado, vai migrar e atacar sempre que perceber vulnerabilidade dos alvos”, opinou.

Militares não saíram da Vila Kennedy

 

Os militares continuam na Vila Kennedy, embora na semana passada as Forças Armadas tenham confirmado que sairão gradualmente da comunidade. Em nota, o GIF afirmou que por enquanto “é dado prosseguimento, pelas Forças Armadas, ao reforço de patrulhamento na Comunidade Vila Kennedy”.

A Vila Kennedy começou a receber operações pontuais das Forças Armadas em 23 de fevereiro, e desde 12 de março os militares fazem patrulhamento de dia, até as 18h. Durante a noite, o policiamento fica a cargo exclusivo da Polícia Militar.

Na semana passada, o chefe do Gabinete da Intervenção Federal na Segurança Pública do Rio, general Mauro Sinott, afirmou que estuda dar fim às Unidades de Polícia Pacificadora UPPs) da Vila Kennedy e do Batan, ambasa na Zona Oeste. As ações seriam necessárias para o retorno da capacidade operacional da Polícia Militar.

Por isso, alguns moradores estão apreensivos, pois não sabem se vão continuar com aulas de música e de esporte desenvolvidas de forma gratuita por policiais militares nas comunidades. O GIF e a PM disseram que o assunto está em debate.

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