Trincheiras do atraso abrigam a política ambiental da extrema direita
Publicado na Folha de S. Paulo
Na semana passada, o Brasil decidiu desdenhar da iniciativa de mais de 60 nações —entre elas Alemanha, França, Espanha e nove países latino-americanos. O grupo propôs à ONU incluir na sua Carta de Direitos a garantia ao meio ambiente seguro, limpo e sustentável. O pleito tem forte valor simbólico ao dar à sustentabilidade o caráter de valor universal.
Entre quatro paredes, as autoridades de Brasília justificaram a omissão, alegando que a iniciativa se vincula a supostos interesses internacionais na Amazônia e reafirmando o mantra de que o país não aceita ingerência na região. Os acusados de sempre são as ONGs ambientalistas e as potências estrangeiras que supostamente cobiçam nossas riquezas ou querem barrar a entrada de nossos produtos primários em seus mercados —o repetido chavão dos que se imaginam patriotas.
Nos últimos dois anos, as questões ambientais ganharam apropriada preeminência na sociedade brasileira, abrindo espaço a inúmeras iniciativas de personalidades, empresas e organizações civis. Só que elas mal penetram o mundo da política e dos partidos, deixando campo livre para as visões mais retrógradas entrincheiradas nos redutos da direita extrema.
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