Reintegração Social de Pessoas Egressas do Sistema Prisional
O processo de reintegração social de pessoas egressas do sistema prisional apresenta desafios que ultrapassam a esfera do sistema de justiça. No contexto brasileiro, marcado por disparidades regionais e desigualdades sociais, raciais e educacionais, a falta de suporte material, financeiro e psicossocial coloca os egressos em um ciclo de rejeição social e criminalidade. A carência de investimentos adequados, acentuada pela ênfase na punitividade em detrimento da reintegração pós-liberdade, reforça esses desafios. Portanto, destaca-se a importância da atuação em rede entre os setores público, privado e a sociedade civil para otimizar o uso dos recursos, promover soluções integradas e superar obstáculos na assistência aos egressos, oferecendo suporte multidimensional para a reintegração social.
Este relatório apresenta as estratégias de cinco iniciativas de atuação em rede focadas em pessoas egressas do sistema prisional, implementadas no Brasil e no mundo. O documento detalha a contribuição dessas iniciativas para o fortalecimento da reintegração social de egressos do sistema prisional e, dessa forma, ilustra como podem servir de modelo para inspirar outras ações coordenadas na mesma área.
A reintegração social de pessoas egressas do sistema prisional e os conceitos correlatos aqui usados – tais como (re)inserção, (re)inclusão, (res) socialização, (re)educação, (re)adaptação social e (re)habilitação – deve ser encarada como uma prioridade não apenas pelo sistema de justiça criminal, mas por todos os atores que possam ter influência direta ou indireta nesse processo. Trata-se de um desafio global que demanda reformas no sistema de justiça, o fortalecimento do estado de direito e a implementação de políticas públicas específicas, com foco nos diversos desafios enfrentados por estes indivíduos em seu processo de ressocialização, abrangendo aspectos como o convívio social, oportunidades de emprego e acesso à moradia, saúde e educação.
Neste estudo, compreende-se que a busca pela reintegração social deve ser conduzida sob a perspectiva da garantia de direitos, e não restrita à visão de segurança e à redução da reincidência criminal. Esse princípio foi adotado a partir do reconhecimento de que o sistema de justiça criminal é um ambiente que produz e perpetua desigualdades para os indivíduos que nele se encontram. Por isso, garantir os direitos que foram negados antes, durante e após o encarceramento é essencial para que a reintegração social ocorra efetivamente. Intervenções e programas com abordagens variadas para este grupo são pouco acessíveis, sendo limitados apenas a oportunidades esporádicas de acesso a serviços essenciais.
No Brasil, que figura como o terceiro país com o maior número absoluto de pessoas presas no mundo, observa-se uma significativa variação nos índices de encarceramento entre diferentes estados, evidenciando disparidades regionais. Além disso, a composição da população carcerária brasileira reflete as desigualdades sociais, raciais e educacionais, destacando a seletividade de um sistema de justiça que tende a aprisionar desproporcionalmente indivíduos negros, jovens e de menor escolaridade.
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Conheça mais sobre o Programa Presos e Egressos na página de Segurança Pública do Instituto Igarapé e no site do Projeto Portal para Liberdade.