Inteligência artificial pode melhorar policiamento

Mas a disseminação de ferramentas de previsão levanta preocupações acerca da proteção de dados, privacidade e uso indevido, diz artigo do Instituto Igarapé

Cidades são centros de inovação, criatividade e experimentação. No entanto, a maioria também sofre com o crime e a violência. Assim como o crime evolui, é importante também adaptar as tecnologias para ajudar a prevenir e investigar. Quais tecnologias estão funcionando e por quê? Quais são os riscos de novas ferramentas que usam algoritmos preditivos? Responder essas perguntas é mais importante do que nunca.

Um novo estudo do Instituto Igarapé, Future Crime, analisa os avanços em matéria de predição de crimes e fornece uma visão geral das oportunidades e armadilhas das novas tecnologias de combate à criminalidade. Apresenta recomendações para garantir transparência e responsabilidade. 

Análises preditivas não são novidade: modelos estatísticos e matemáticos têm sido usados há muito tempo para prever onde um crime pode ocorrer em um futuro próximo. Ferramentas de mapeamento e gestão de crimes se popularizaram no cenário policial nos anos 90. A chamada “estratégia de policiamento de hotspots” – que mescla análise de dados com policiamento direcionado – existe há mais de duas décadas. Avaliações científicas mostraram que esta é uma estratégia eficaz de prevenção ao crime.

Mas os métodos preditivos de policiamento estão se beneficiando dos avanços em machine learning, juntamente de um poder computacional mais acessível. A rápida implantação dessas ferramentas levanta questões éticas complexas em relação à ação policial e aos direitos civis. Há várias considerações que as forças de segurança precisam levar em conta antes de implementar sistemas de policiamento do tipo para garantir que tais ferramentas sejam desenvolvidas e utilizadas de maneira responsável.  

Future Crime alerta para a necessidade de que os órgãos de segurança estejam informados sobre os desafios e as ressalvas associadas à aplicação dessas novas plataformas de previsão do crime: “Os princípios de transparência e responsabilidade devem ser prioridade. A segurança, a dignidade e os direitos das pessoas devem permanecer como o elemento mais importante no processo da previsão do crime, inclusive quando softwares avançados são implantados. As ferramentas preditivas não podem substituir a intuição e a experiência dos policiais, mas sim complementá-las de maneira ágil e auditável”, ressaltam os autores Katherine Aguirre, Emile Badran e Robert Muggah.

A publicação destaca ainda o trabalho do Instituto Igarapé de desenvolvimento e testagem de plataformas de predição de crimes no Brasil, onde as autoridades públicas estão empenhadas em expandir as redes de vigilância digital, o reconhecimento facial e o uso de biometria. 

Projetos relacionados do Instituto Igarapé:

  1. CrimeRadar: plataforma preditiva de crime desenvolvida em 2016 que avaliou frequências de crime em espaço-tempo heterogêneo na região metropolitana do Rio de Janeiro.
  2. Piloto de uma ferramenta do CrimeRadar voltada à polícia que ajudará os comandantes no planejamento de operações e para otimizar a alocação de recursos em Santa Catarina (parceria com a Polícia Militar do estado, MPSC).

Link para download da publicação:

https://igarape.org.br/future-crime-assessing-twenty-first-century-crime-prediction/

Sobre o Instituto Igarapé:

O Instituto Igarapé é um think and do tank independente, dedicado à integração das agendas da segurança, justiça e do desenvolvimento. A missão do Instituto Igarapé é tornar o Brasil e os países do sul global mais seguros. Seu objetivo é propor soluções inovadoras a desafios sociais complexos, por meio de pesquisas, novas tecnologias, influência em políticas públicas e articulação.

www.igarape.org.br

Mais informações:

Renata Rodrigues (renatarodrigues@igarape.org.br)

(21) 3496-2114 | (21) 98038-2376

Leia a publicação

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