Guia inédito do Instituto Igarapé promove a proteção de mulheres defensoras dos direitos humanos e do meio ambiente na Amazônia

Documento elaborado a partir de contribuições das próprias defensoras quer contribuir para que ativistas de direitos humanos e do meio ambiente identifiquem riscos e conheçam estratégias para se proteger e buscar ajuda

Violência moral e violência física são as mais comuns entre mulheres defensoras

 

O Brasil é o quarto país mais perigoso para defensores ambientais no mundo. Ao redor do planeta, mulheres  são as principais defensoras da terra e dos recursos naturais, e se tornam alvo de violência. Na Amazônia brasileira, segundo pesquisa do Instituto Igarapé, a violência física e a moral são as mais frequentes. Para ajudar a mudar essa realidade e promover a proteção delas, o Instituto lança hoje o Guia de Proteção a Defensoras de Direitos Humanos e Meio Ambiente na Amazônia.

 

O Guia foi elaborado a partir das contribuições das defensoras e de mulheres envolvidas em políticas de proteção a defensores e defensoras de direitos humanos. Está organizado em cinco seções com informações sobre quem são as defensoras dos direitos humanos e meio ambiente; principais tipos de violência que afetam essas mulheres; como realizar uma análise de risco pessoal; sugestões para promover sua proteção, e uma lista de contatos de organizações e instituições que podem apoiar as que se encontrem em perigo. O documento contém um glossário para facilitar o entendimento comum de termos frequentemente utilizados em ações de ativismo e advocacy.

 

O guia é uma resposta aos achados encontrados no estudo  divulgado  pelo  Instituto Igarapé em fevereiro desse ano “Vitórias-régias na proteção dos direitos humanos e do meio ambiente”. O levantamento feito com 125 mulheres que se consideram defensoras, revelou que cem delas já haviam sofrido algum tipo de violência. Participaram da pesquisa defensoras do Acre, Amazonas, Maranhão, Pará e de Roraima. A produção do material teve o apoio de quatro consultoras originárias da Amazônia brasileira e contou a trajetória de outras cinco (os nomes foram trocados para que suas identidades fossem preservadas).

 

Os dados inéditos revelaram os cinco principais tipos de violência relatados por essas mulheres: violência moral (27% do total de registros), violência física pessoal (19,7%), ameaça pessoal sem uso de armas (14,2%), violência psicológica (10,8%); e violência ou ameaça contra familiares (9,5%). A maioria das ouvidas na pesquisa foi de mulheres pretas (63%), pardas (41%) ou indígenas (23%). Vinte e sete sofreram mais de um tipo de violência. Doze disseram ter sofrido violência de mais de um agressor e desconhecidos representam a maior fatia de agressores, tendo sido apontados como autores de 32 casos (ou quase 30% da amostra da pesquisa). 

 

“A violência contra mulheres, de forma geral, tende a ser silenciosa e subnotificada. Não é diferente com as defensoras, que se tornam alvo não só por serem mulheres, ,mas também por assumirem um protagonismo na defesa de seus direitos, dos direitos dos seus povos e do meio ambiente”, avalia Andreia Bonzo Araujo Azevedo, diretora adjunta do Programa de Clima e Segurança do Instituto Igarapé. 

 

“Com a divulgação deste Guia, jogamos luz nas especificidades da violência sofrida pelas defensoras, para garantir que se protejam e para que continuem atuando em defesa dos direitos humanos e do meio ambiente”, avalia  Renata Giannini, pesquisadora do Instituto Igarapé. “E não deixa de ser também uma forma de combatermos a desigualdade, o silenciamento e a invisibilidade, tão críticos nesses casos”, conclui.

 

Dandara Rudsan, uma das defensoras que atuou no projeto, destaca: “Levando em consideração a carência de dados sobre a violência contra defensoras de direitos humanos na Amazônia, este Guia fortalecerá a ampliação da compreensão e a efetividade de ações de seu enfrentamento”.

 

Para Claudelice dos Santos, outra defensora, “ a pesquisa e o Guia trazem a realidade específica das mulheres da Amazônia, que inclui o abandono, o silenciamento e a invisibilidade, inclusive no âmbito comunitário e familiar. Nos reconhecemos lendo o conteúdo do guia e nos fortalecemos”.

 

O Guia de Proteção a Defensoras de Direitos Humanos e Meio Ambiente na Amazônia integra o programa de segurança climática do Instituto Igarapé. O programa busca fortalecer políticas públicas e corporativas que priorizem as relações entre clima e segurança.

 

Acesse o guia

 

Conheça o programa de Segurança Climática

 

Para entrevistas, favor contatar através do e-mail: renatarodrigues@igarape.org.br.

 

Sobre o Instituto Igarapé:

 

O Instituto Igarapé é um think and do tank independente focado nas áreas de segurança pública, climática e digital e suas consequências para a democracia. Seu objetivo é propor soluções e parcerias para desafios globais por meio de pesquisas, novas tecnologias,  comunicação e influência em políticas públicas. (www.igarape.org.br)

The Igarapé Institute uses cookies and other similar technologies to improve your experience, in accordance with our Privacy Policy and our Terms of Use, and by continuing to browse, you agree to these conditions.

O Instituto Igarapé utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência, de acordo com a nossa Política de Privacidade e nossos Termos de Uso e, ao continuar navegando, você concorda com essas condições.

Pular para o conteúdo