Estudo analisa políticas de segurança de ponta na América Latina
O que realmente funciona quando se trata de reduzir a violência? Uma nova publicação lançada em co-autoria pelo Instituto Igarapé, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Fórum Econômico Mundial mostra 10 exemplos de políticas inovadoras de segurança pública que tiveram resultados positivos e concretos na América Latina. As experiências analisadas em “Tornando as Cidades Mais Seguras: Inovações em Segurança Cidadã na América Latina” têm em comum uma abordagem que favorece a prevenção e o entendimento de que segurança pública não é sinônimo de policiamento, prisão e punições cada vez mais severas.
“As cidades latino-americanas são um laboratório perfeito de inovação em políticas de segurança cidadã. Apesar de ser uma das regiões mais violentas e desiguais do planeta, a América Latina soube transformar dificuldade em oportunidade”, justifica Robert Muggah, diretor de Pesquisa do Instituto Igarapé e um dos autores do estudo
Cidades como Belo Horizonte (Brasil), Ciudad Juarez (México), Kingston (Jamaica) e Medelim (Colômbia) conseguiram reduzir drasticamente os indicadores de insegurança mais relevantes. “Apesar de as estratégias nacionais serem essenciais, é no âmbito das cidades que as políticas de segurança são postas em prática de forma mais concentrada, rendendo resultados tangíveis. Nas últimas duas décadas, as políticas públicas nas grandes e médias cidades foram as principais responsáveis pelo grande progresso na redução de homicídios”, explica Muggah.
Cada capítulo da publicação analisa o contexto e descreve as medidas tomadas, bem como o impacto nos índices de segurança. Segundo o estudo, estratégias claramente pensadas para médio e longo prazos, focalizando fatores de risco ligados à geografia ou às condições sociais, foram determinantes na melhoria da segurança nas cidades.
“Dados confiáveis e válidos são chave para a eficácia em segurança pública. Infelizmente, essas informações são raras na América Latina. Apenas 6% de 1.300 iniciativas de segurança pública mapeadas foram submetidas a uma rigorosa avaliação”, afirma Ilona Szabó, diretora-executiva do Igarapé e também coautora da publicação. Os demais autores são Ruddy Wang, ex-coordenador de campanha do Igarapé, e as pesquisadoras do BID Nathalie Alvarado e Lina Marmolejo.
“Em 2015, 47 das 50 das cidades mais violentas do mundo situavam-se na América Latina, Caribe e América do Sul – 32 no Brasil. Mas bons modelos de segurança nessas cidades estão conseguindo reverter o quadro negativo. O maior desafio é a continuidade dessas práticas e as conexões com políticas de desenvolvimento socioeconômico. Enquanto algumas dessas cidades estão melhorando, outras se tornam cada vez mais perigosas. É importante disseminar os exemplos positivos para que sejam adaptados e outras realidades”, acrescenta Szabó.
Os dez casos exitosos de redução da violência
- Bolívia – Estratégias locais de prevenção e atendimento para a violência de gênero
- Brasil – “Fica Vivo!” em Belo Horizonte
- Brasil – Rio de Janeiro: Unidades de Polícia Pacificadora (UPP)
- Chile – Programa promove o bem-estar social em Valparaíso
- Colômbia – Plan Cuadrante
- Honduras – Projeto de paz e convivência cidadã nos municípios do Vale do Sula
- Jamaica – Incluindo indivíduos pela educação e pela capacitação técnica
- México – “Somos Todos Juarez”
- República Dominicana – Plano de Segurança Democrática
- Venezuela – Sistema Integrado de Estatísticas Criminais na região metropolitana de Caracas