Destino turístico, Paraty tem maior taxa de morte por arma de fogo do Rio

Folha de S. Paulo

Julho, 2017

 

Patrimônio histórico e cultural, cercada por seis áreas de preservação ambiental, Paraty é um dos principais destinos turísticos do Estado do Rio de Janeiro e palco da maior festa literária do país, a Flip –mas é também a cidade com maior taxa de homicídios por arma de fogo do território fluminense.

Segundo o Mapa da Violência 2016, o município de cerca de 40 mil habitantes tem 60,9 assassinatos por arma de fogo a cada 100 mil habitantes e está entre as 50 cidades com mais mortes do tipo no país.

O quadro é agravado pela crise no Estado, com atrasos nos pagamentos de servidores e falta de investimento na segurança pública, e pela dependência da prefeitura de receitas provenientes dos royalties do petróleo, que fizeram seu Orçamento encolher 30% entre 2015 e 2016.

Desde 2013, uma parceria público-privada gerida pela organização social Comunitas investiu R$ 10 milhões em estratégias de sustentabilidade financeira e em medidas como formação de professores, prevenção da violência e políticas para a juventude.

“São ações com reflexos de médio prazo, e não de um ano para outro”, diz Regina Célia, presidente da Comunitas.

Paraty tem um número elevado de homicídios desde meados dos anos 2000, mas atingiu seu recorde recente em 2016, com 33 casos registrados. Suas vítimas são, principalmente, jovens pretos e pardos de bairros favelizados.

Um diagnóstico realizado pelo Instituto Igarapé identificou uma dinâmica típica de gangues, com elevado protagonismo e vitimação de adolescentes e uma lógica de vingança.

“São gangues e usam meios letais de disputa, que têm mais a ver com questões juvenis do que com questões do crime organizado”, avalia Ilona Szabó, especialista em segurança pública e diretora do Igarapé. A violência doméstica e contra a criança, ambas subnotificadas, favorecem o quadro atual.

Desde o ano passado, o Igarapé tem desenvolvido um observatório de prevenção à violência que vai monitorar famílias vulneráveis para intervenções precisas pelas pastas da Educação, Saúde e Assistência Social.

“Numa segunda fase, vamos fortalecer a Guarda Municipal para que se torne uma força cidadã, de mediação de conflito e proteção da população, e não de combate ao crime”, explica Szabó.

 

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