Da discussão à implementação: em Nova York, Instituto Igarapé reforça a necessidade de reforçar a cooperação global e de incluir a natureza nas agendas climáticas e de desenvolvimento globais
Discussões, plataformas e pactos firmados na Semana do Clima devem estar conectados aos marcos globais futuros, incluindo o G20 e a COP30, no Brasil.
Rio de Janeiro, 03 de outubro de 2024 – Assim como ocorre todos os anos, Nova York, recebeu mais uma vez Chefes de Estado, diplomatas, especialistas, lideranças da iniciativa privada e de organizações da sociedade civil em torno de eventos de alto nível nos marcos da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Semana do Clima. Neste ano, contudo, destacou-se também a realização da Cúpula do Futuro e de uma reunião do G20 dentro da sede das ONU, para a qual o Brasil convidou todos os Estados-Membros da Organização.
Um dos principais destaques neste ano foi a adoção por consenso do Pacto para o Futuro, durante a Cúpula do Futuro da ONU, apontada como uma oportunidade para reforçar compromissos e remodelar as instituições internacionais em um contexto de fragmentações políticas e múltiplas crises. A importância de reformar o Conselho de Segurança da ONU também foi enfatizada por diversos líderes, incluindo o presidente brasileiro.
O Instituto Igarapé, única organização brasileira que participou de todo o processo da Nossa Agenda Comum, que culminou na Cúpula do Futuro, teve participação ativa nos eventos, reforçando seu papel como interlocutor nas discussões globais de alto nível sobre multilateralismo, natureza, finanças climáticas e governança global inclusiva. A organização buscou conectar essas discussões com as agendas e prioridades de eventos futuros, como a Cúpula de Líderes do G20 e as Conferências do Clima (COP) que acontecerão no Azerbaijão e no Brasil, enfatizando a importância de integrar a natureza às agendas climáticas e de desenvolvimento – aspecto ainda subdimensionado nos debates globais – e a crucial liderança dos países do Sul Global nesse processo.
“Transformar o sistema internacional não é uma tarefa fácil. Isso exigirá tanto liderança quanto impulso político, especialmente de países do Sul Global ou da Maioria Global, que ainda estão sub-representados nos processos de tomada de decisão que afetam a todas as pessoas. A implementação das ações discutidas na esfera global precisa ser feita também nos níveis regionais e locais, em todo o planeta”, destacou Ilona Szabó, cofundadora e presidente do Instituto Igarapé e única latino-americana membro do Conselho Consultivo de Alto Nível (HLAB) sobre Multilateralismo Eficaz do Secretário Geral da ONU.
A situação crítica da Amazônia foi outro ponto central nas discussões. Sobre esse tema, Szabó alertou que “sem a Floresta Amazônica, não há como manter o limite de 1,5°C de aquecimento global. O Brasil abriga 60% do bioma amazônico, que é um sumidouro de carbono crítico, e enfrentamos anos de desmatamento recorde. Agora, também estamos lidando com incêndios. Algumas partes da Amazônia estão em risco de colapso, e isso é muito preocupante”.
Ainda sobre esse tema, ela defendeu a necessidade de desenvolver e implementar modelos econômicos sustentáveis que preservem o bioma: “Precisamos de alternativas à destruição e de economias que sejam compatíveis com a floresta em pé e que tragam bem-estar às pessoas. O índice de progresso social na Amazônia é muito inferior ao do resto do Brasil. Isso é inaceitável, dado o que sabemos sobre as riquezas dessa região”.
A presidente do Igarapé também destacou a necessidade dos financiadores – Bancos Multilaterais de Desenvolvimento, investidores privados ou mesmo filantropias – incorporarem uma perspectiva de risco territorial em seus investimentos: “Estamos desenvolvendo diretrizes para reduzir o impacto de riscos territoriais dos investimentos, garantindo a proteção das pessoas e que não prejudiquemos a natureza ao promover o desenvolvimento ou a transição climática. Não podemos mais continuar causando danos aos nossos territórios e seus povos”.
Durante dez dias, o Instituto Igarapé também participou de debates sobre estabilidade planetária, salientando a necessidade de utilizar abordagens sistêmicas para combater desigualdades e enfrentar as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade. O Instituto apresentou três pontos centrais para essa transformação: inclusão energética; soluções baseadas na natureza; e proteção territorial para oferecer às pessoas, alternativas econômicas sustentáveis às economias informais e ilegais que destroem os biomas. Nesse sentido, o Igarapé, com o apoio do Instituto Arapyaú e Itausa apresentaram a “Green Bridge Facility”, iniciativa que visa desbloquear investimentos responsáveis, escalar empreendimentos verdes, alcançar o desmatamento zero e promover o bem-estar das comunidades locais no Brasil e em toda a Bacia Amazônica.
O Instituto continuará trabalhando para avançar as discussões sobre multilateralismo, financiamento e governança para o clima e a natureza, conectando essas agendas com os grandes marcos e fóruns globais. A organização reforça a necessidade de ações concretas e colaborativas entre governos, organizações internacionais, setor privado e sociedade civil para enfrentar os desafios da atual policrise global. Muito foi discutido, e agora é crucial que essas discussões se traduzam em implementação e ação nos eventos que estão por vir.
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Sobre o Instituto Igarapé:
O Instituto Igarapé é um think and do tank independente, que desenvolve pesquisas, soluções e parcerias com o objetivo de impactar tanto políticas como práticas públicas e corporativas na superação dos principais desafios globais. Nossa missão é contribuir para a segurança pública, digital e climática no Brasil e no mundo. O Igarapé é uma instituição sem fins lucrativos e apartidária, com sede no Rio de Janeiro e atuação do nível local ao global.