Amazônia saqueada: as raízes dos crimes ambientais na Bolívia e seus impactos no Brasil

Instituto Igarapé e InSight Crime lançam estudo que demonstra como corrupção e crimes ambientais funcionam de maneira simbiótica na destruição da Amazônia boliviana
O cenário tem impactos diretos e significativos no mercado de mercúrio, no tráfico de drogas, na poluição e devastação também do território brasileiro.

A nova pesquisa do Instituto Igarapé em parceria com o InSight Crime e do Instituto Igarapé se aprofunda nas raízes que se estenderam sob as terras da Bolívia e desencadearam grande devastação ambiental irrigado por corrupção, crime organizado e negligência.
Apesar de ter um dos menores territórios amazônicos, a Bolívia continua figurando entre os países com maiores taxas de desmatamento no mundo, sendo superada apenas pelo Brasil na região. Em 2022, a Bolívia registrou os níveis mais altos de desmatamento de sua história, com uma perda total de 245.177 hectares de floresta primária, equivalente a 12,4% do desmatamento total da Amazônia naquele ano, um número maior que a soma de Colômbia e Peru juntos.
Criadores de gado, cultivadores de soja e cooperativas mineradoras estão por trás dessa destruição, aproveitando-se de abundantes lacunas jurídicas, regulamentações incoerentes ou contraditórias, corrupção e escassa aplicação das leis.
Entre 2016 e 2021, quase 1,5 milhão de hectares de floresta foram perdidos ​​em Santa Cruz, na Bolívia, segundo números compilados pela Earth Foundation. Cerca de 90% do desmatamento ocorreu fora da zona agroindustrial, aumentando principalmente no nordeste de Santa Cruz, perto da fronteira com o Brasil. A expansão agrícola boliviana se beneficia da proximidade com Mato Grosso – estado brasileiro que faz a maior fronteira com Santa Cruz, e reune as duas indústrias agrícolas dos dois países.
Além disso, a Bolívia tornou-se um epicentro do tráfico de mercúrio, substância tóxica usada para separar ouro de sedimentos. Apesar de ter ratificado o Convênio de Minamata — que busca a eliminação gradual do uso de mercúrio na mineração e em outras atividades —, na Bolívia esse acordo não passou de um marco invisível e sem aplicação. O mercúrio continua entrando no país sem maiores controles, e abastece não apenas a mineração boliviana, mas também as operações mineradoras ilegais em outros países da bacia amazônica, como Brasil e Peru. Garrafas contendo a substância são transportada através das fronteiras terrestres e fluviais entre três os países e alimentam a corrida ilegal do ouro na bacia amazônica. O uso generalizado de mercúrio pelos garimpeiros está contaminando rios e florestas e representa uma ameaça significativa à vida dos povos indígenas.
Embora o Brasil não tenha proibição, o país adotou as regras de Minamata para seu controle e fiscalização, resultando na redução das importações. Em 2021, o Brasil não importou nenhum mercúrio. As restrições do Brasil às importações da substância levaram a um aumento da demanda pelo metal tóxico na Bolívia. Consequentemente, os mercados brasileiros começaram a receber mercúrio mexicano, contrabandeado através da vizinha Bolívia.
O contrabando de mercúrio ocorre através do rio Mamoré, que separa a Bolívia do Brasil. Na cidade fronteiriça de Guayaramerin, na Bolívia, são feitos negócios para grandes quantidades de mercúrio. Um único vendedor pode vender mais de 100 quilos por mês, segundo investigação do InfoAmazonia. Garrafas pequenas também estão disponíveis para compra nas lojas. Esse mercúrio contrabandeado é traficado para a cidade brasileira de Porto Velho, no estado de Rondônia, de onde pode ser transportado para os garimpos por via fluvial ou rodoviária.
O desmatamento ilegal e o tráfico de fauna silvestre acabam por dar o toque final a um panorama pouco encorajador. A madeira é retirada de parques naturais, os últimos santuários de espécies como a mara, a lebre da Patagônia. Ao mesmo tempo, onças, cacatuas e até besouros são traficados para mercados em todo o mundo, onde, às vezes, são enjaulados e forçados a lutar entre si.
Por fim, a crescente participação da Bolívia na cadeia global de narcotráfico transformou as áreas protegidas do país em pontos de saída e centros primitivos de produção, provocando desmatamento e poluição, com impacto direto nos países vizinhos.
Esta investigação sobre os crimes ambientais na Bolívia não só expõe as economias criminosas que impulsionam a destruição do ecossistema amazônico neste país, mas também coloca sobre a mesa algumas oportunidades de intervenção para mitigar os crimes ambientais no contexto boliviano.

Convidamos você a ler a pesquisa completa, disponível em nosso site.

Solicite uma cópia embargada e um kit de imprensa:

“Para obter uma cópia embargada da pesquisa e outros materiais de imprensa, como mapas e gráficos, você pode entrar em contato com María Fernanda Ramírez em mramirez@insightcrime.org ou press@igarape.org.br.
Estendemos um convite cordial para compartilhar e reproduzir nossa pesquisa mais recente, assim como o conteúdo desta mensagem, atribuindo-a ao Instituto Igarapé e ao InSight Crime e incluindo o link para nosso site. A pesquisa está embargada até 17 de abril de 2024.”
Se você reproduzir ou publicar esta pesquisa nas redes sociais, por favor inclua a hashtag #AmazoníaSaqueada.
Para as menções no Twitter, use @InSightCrime para inglês ou @InSightCrime_Es para espanhol.
Para as menções no Instagram, use @Insightcrime.
Para as menções no Facebook, use @InSightCrime.

Solicitações de entrevista
María Fernanda Ramírez, gerente de projetos na InSight Crime: mramirez@insightcrime.org

Raphaël Lima, assessor de imprensa do Instituto Igarapé:
raphael.lima@igarape.org.br

Solicitações de colaborações e consultas editoriais:
Mike LaSusa, Diretor Adjunto de Conteúdo: mlasusa@insightcrime.org

Cordialmente,
Instituto Igarapé e InSight Crime

O Instituto Igarapé utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência, de acordo com a nossa Política de Privacidade e nossos Termos de Uso e, ao continuar navegando, você concorda com essas condições.

Pular para o conteúdo