Estudo detalha aumento de 14% nas taxas de homicídios de mulheres no México nos últimos 5 anos

Relatório do Instituto Igarapé, com apoio da Uber, mostra que mulheres no México enfrentam novas camadas de violência, agora também nas ruas, enquanto continuam mais vulneráveis no ambiente doméstico

 

Um estudo conduzido pelo Instituto Igarapé, com apoio da Uber, destaca um aumento de 14% na taxa de homicídios dolosos contra mulheres no México nos últimos 5 anos. Destaca-se que o crescimento desses homicídios foi ainda mais expressivo, atingindo 31%, quando envolveu o uso de armas de fogo, e 19% quando ocorreu fora da residência da vítima. Ao mesmo tempo, o relatório destaca que as mulheres figuram como as principais vítimas de homicídios dentro do ambiente doméstico, representando 25% dos casos, em comparação com 11% dos homicídios masculinos nos últimos cinco anos neste ambiente. Os homicídios de mulheres  também envolvem, com maior frequência, o uso da força corporal, com uma incidência de 16% para mulheres, contrastando com 6% para homens. Adicionalmente, verifica-se um aumento nas incidências de violências não letais contra mulheres nos últimos 5 anos.

 

O relatório “Retrato da violência contra mulheres no México nos últimos cinco anos: coexistência de fenômenos de múltiplas violências” utiliza dados da plataforma “Evidências sobre Violências e Alternativas para mulheres e meninas – EVA”, desenvolvida pelo Igarapé com o apoio da Uber, consolida os registros dos sistemas oficiais de saúde e dos órgãos de segurança pública. A análise dos dados da plataforma foi feita em cima de ocorrências, não de vítimas: uma mesma mulher pode registrar mais de um tipo de violência.

 

O estudo evidencia a tendência de acréscimo de novas camadas de violência na vida das mulheres. Paralelamente ao aumento identificado nos índices de homicídios femininos, principalmente quando ocorridos fora do lar e perpetrados com o uso de armas de fogo, aproximando-se do fenômeno de violência urbana geralmente associado à violência ‘masculina’, nota-se também um crescimento nas manifestações não letais de violência de gênero. Esse crescimento abrange diversas formas, incluindo violência física, sexual e doméstica, ao longo do período analisado.

 

“A situação das mulheres mexicanas é muito preocupante. É urgente que medidas preventivas sejam implementadas tanto no que diz respeito a violência que tem matado as mulheres, como também em relação às violências não letais. A associação do aumento dos homicídios de mulheres fora de suas casas por arma de fogo nos mesmos municípios mais afetados pelas disputas de cartéis de drogas, acende um alerta para se pensar a proteção das mulheres em meio à violência urbana acirrada”, diz Melina Risso, diretora de Pesquisa do Instituto Igarapé. 

 

Dentre os tipos de violência documentados pelos órgãos de saúde do México analisados neste relatório, a violência psicológica se destaca como a mais prevalente, representando aproximadamente 58% de todos os casos de violência contra mulheres registrados no país ao longo dos últimos cinco anos. No entanto, os dados indicam uma redução na participação dessa forma de violência em relação ao total nos últimos anos, enquanto se observa um aumento na participação das violência física e sexual. 

 

A incidência de violência física atingiu seu ponto mais alto no México em 2017, com uma taxa de 61,4 casos registrados por 100 mil mulheres, seguida por uma queda em 2018 para uma taxa de 44,0. Ao longo dos últimos cinco anos, observou-se um aumento de aproximadamente 23% nos casos registrados, com uma taxa de 52,3 casos por 100 mil mulheres em 2022. 

 

A incidência de violência sexual no México mais do que triplicou nos últimos 10 anos, indo de uma taxa de 8,4 por 100 mil mulheres em 2013 para 28,2 em 2022. Em um intervalo de apenas cinco anos, observou-se um aumento significativo de 65% nos casos registrados. Esses números destacam uma preocupante tendência de crescimento nesse tipo de violência, evidenciando a necessidade de abordagens eficazes para enfrentar e prevenir essas situações. Em 2022, foram registrados 18.733 casos de violência sexual contra mulheres, o que representa mais de 50 mulheres sendo violentadas sexualmente por dia no México. 

 

No período entre 2018 e 2019, a taxa de casos registrados de violência patrimonial contra mulheres aumentou de 9,4 para 10,6 por 100 mil mulheres. Em 2020, ano considerado mais crítico da pandemia de Covid-19, foi observada uma queda nessa taxa e ela não retornou aos parâmetros registrados antes do impacto da pandemia. 

 

ASPA UBER

 

Acesse o estudo aqui.

 

Mais informações: raphael.lima@igarape.org.br; joao@pensatacom.br; press@igarape.org.br

 

Sobre o Instituto Igarapé:

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