Reforma da Previdência depende da convicção de Bolsonaro
Para emplacar a aprovação da medida mais importante para a economia, o presidente terá de se empenhar pessoalmente para convencer a população e o Congresso
Por André Jankavski e Fabiane Stefano
Publicado na Exame
Confusões, desencontros, tropeços, cabeçadas, trapalhadas. Não faltam termos para descrever as ocorrências dos primeiros dias que se sucederam à posse do presidente Jair Bolsonaro, marcados por idas e vindas. Alguns tropeços enriquecem a literatura das bobagens de início de mandato no país, como o aceno de ceder espaço a uma base militar americana em território brasileiro sem que nem sequer os Estados Unidos tenham pedido isso. Já as cabeçadas que entraram na seara da equipe econômica incomodaram bem mais. O episódio mais ruidoso foi aquele em que Bolsonaro, em entrevista ao SBT, disse que a idade mínima para aposentadoria, ponto crucial da reforma da Previdência, seria de 62 anos para homens e 57 para mulheres, requisito que ficaria aquém da proposta que está hoje no Congresso, herdada do governo Michel Temer. A declaração pegou de surpresa nomes do primeiro escalão do governo, que vieram a público dizer que não era bem assim e tentar amenizar a repercussão negativa. Afinal, Bolsonaro não saberia de pontos tão elementares do principal projeto da área econômica após um período de 54 dias do chamado governo de transição? Até agora permanece a dúvida: a escorregada seria fruto da inexperiência de quem chega ao Palácio do Planalto ou revelaria uma falta de convicção sobre a medida mais importante para a economia?