Redução global da violência pode ganhar impulso depois da pandemia
Por Robert Muggah e Steven Pinker. Traduzido por Sergio Schargel.
Publicado na Folha de S.Paulo
O mundo está em convulsão pelo novo coronavírus, mas esse não é o único patógeno que nos afeta. A violência criminal também é endêmica, contagiosa e altamente virulenta. Mais de 464 mil pessoas foram assassinadas em 2017 (o último ano do qual se tem dados confiáveis), uma quantidade ao menos cinco vezes maior do que de pessoas mortas em guerras. Milhões mais sofrem ferimentos físicos e psicológicos deixados pelo abuso doméstico, pelas brigas de gangues e pela violência extrajudicial.
A pandemia de coronavírus certamente afetará os padrões dessa violência, mas como? Convencionalmente acredita-se que tempos de grande estresse produzem mais violência, mas os dados não confirmam isso: durante a terrível pandemia da gripe espanhola de 1918-1919, nem os Estados Unidos nem a Grã-Bretanha tiveram um aumento significativo na violência. Na verdade, as taxas de homicídios caíram durante a Grande Depressão da década de 1930. Elas também declinaram durante a recessão que começou em 2007.
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