Ode à democracia
Para a Folha de S. Paulo
Não podemos dizer que 2019 só começou após o Carnaval. A sequência de crises provocadas pela escalada de “não fatos” nas últimas semanas em Brasília, incluindo o episódio de minha nomeação –e exoneração– ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, gerou perplexidade e confusão. As crises foram originadas ou amplificadas pela máquina de fake news e linchamentos virtuais, parte da receita das tentativas de enfraquecimento das democracias. Por aqui e mundo afora.
Estejamos atentos. O retrocesso democrático começa de forma quase imperceptível. Steven Levitsky e Daniel Ziblatt explicam, em “Como as Democracias Morrem”, que as democracias falham quando radicais assumem o poder, subvertem as instituições democráticas e intimidam vozes divergentes e a mídia. Democracias morrem sem tolerância mútua, sem liberdade de expressão e uma imprensa livre, e sem que partidos aceitem uns aos outros como oponentes legítimos e não inimigos.