O lado obscuro do modelo de desenvolvimento brasileiro
Publicado originalmente em Nexo, por Maiara Folly e Robert Muggah, em 16 de setembro de 2017.
O Brasil enfrenta não apenas uma, mas múltiplas crises de deslocamento forçado. Desde 2016, milhares de venezuelanos já cruzaram a fronteira com o Brasil em busca de segurança e sobrevivência. O país também recebe refugiados congoleses, colombianos e sírios, além de muitos migrantes haitianos. Muito menos visíveis, no entanto, são os milhões de brasileiros que são forçados a se deslocar em função de desastres naturais, da violência sistemática e de empreendimentos de infraestrutura. Apesar do alto número de pessoas atingidas, praticamente não há informação disponível sobre essa dinâmica.
Uma das principais causas da migração forçada no Brasil são as barragens, especialmente aquelas destinadas à construção de usinas hidrelétricas (UHEs). O Instituto Igarapé analisou os custos socioeconômicos de cerca de 80 barragens construídas no Brasil desde os anos 2000. Após avaliar os dados, o Instituto estima que entre 150 e 240 mil brasileiros foram forçados a deixar suas casas em função da instalação dessas barragens. E é possível que cerca de 75 mil outras pessoas sejam forçadas a abandonar seus lares por conta de 11 novas usinas e centrais hidrelétricas que podem ser construídas nos próximos anos.
É indiscutível que usinas hidrelétricas desempenham um papel central no modelo de desenvolvimento econômico brasileiro. Desde meados da década de 1970, mais de 60% da oferta interna de energia é sustentada pela energia hidráulica. Embora, por um lado, o investimento estatal na construção de grandes centrais hidrelétricas tenha reduzido drasticamente a dependência externa de energia, por outro, teve custos econômicos, sociais ambientais muito elevados.
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