O ano que não acabou
É hora de equilibrar expectativas, frustrações e planos para 2019
Por Ilona Szabó
Publicado na Folha de S.Paulo
Em poucos dias, o calendário muda para janeiro de 2019, mas a verdade é que 2018 deixou muitas questões em aberto. É preciso parar, respirar e fazer o exercício de equilibrar expectativas, frustrações, planos e emoções para conseguir encarar as incertezas que já temos como certas para o novo ano.
Muitas falsas e verdadeiras promessas foram feitas, inúmeras relações foram desfeitas e teremos muito trabalho pela frente para consertar e reduzir os danos do que vivemos em 2018.
Torço todos os dias para nosso país dar certo. Para as brasileiras e os brasileiros terem uma vida com mais dignidade, oportunidades, qualidade de vida e, sobretudo, mais paz. Independente de governos em curso, sempre torcerei a favor de que dê certo e que a vida dos meus conterrâneos melhore de vez e de verdade.
E justamente porque quero um país melhor para todas e todos é que estarei alerta e atuante, monitorando discussões e tentando influenciar decisões positivas. Mobilizando pessoas-chave e os meios de comunicação para segurar retrocessos ou escolhas que não tenham como fim avançar o bem público e beneficiar a coletividade.
Torcer a favor não é calar. Pelo contrário, em uma democracia é fundamental que haja debate sobre propostas e visões divergentes, que as diferenças sirvam para colocar limites claros e evitar abusos e malfeitos, e que se busque avançar nos consensos mínimos que estão tão atrasados por aqui em tantas áreas. Sobre esse ponto, somos eternamente o país do futuro, pois estamos na vanguarda do atraso em diversas frentes.
Continuamos repetindo erros graves no presente, em boa parte por não conhecer e valorizar as lições do nosso passado e por não aceitar que decisões de políticas públicas precisam estar baseadas em conhecimento de ponta e atual e não em interesses próprios, ideologias e crenças não científicas.
Mas podemos sair dessa armadilha e construir uma nova história. Nossa população nunca esteve tão envolvida nas discussões políticas. Resta nos livrar da onda mundial das fake news e começar a debater em cima de fatos e impactos reais de cada proposta que seja colocada em discussão. Ir além da internet e buscar possibilidades de engajamento e mobilização cidadã na vida real. Fazer cada um a sua parte.
Os próximos quatro anos serão decisivos não somente para nós que aqui estamos, mas em especial para as gerações futuras. As decisões que forem tomadas na economia precisam gerar investimentos que fomentem as transformações positivas urgentes em áreas como educação, saúde, segurança, urbanismo e meio ambiente. Precisamos acompanhar e participar das discussões das pautas importantes, não perdendo tempo com as inúmeras distrações que tentarão desviar nossa atenção e foco.
Precisamos exigir todos os dias o respeito aos princípios, regras e direitos do Estado democrático, sem discussão. As questões levantadas neste ano não estão resolvidas, e 2019 vem aí cobrando de nós o restabelecimento do diálogo, da tolerância e o desafiador exercício da empatia e da escuta. Só assim conseguiremos construir um sonho novo para o país, que nos una e nos coloque no caminho do amor, da ordem e do progresso. Feliz Ano Novo!