Nota de pesar pela morte de Marielle Franco
A cada dia, morrem violentamente centenas de pessoas no Brasil. São, em sua maioria, jovens homens negros, de bairros periféricos, vítimas de arma de fogo. Já escrevemos esta frase incontáveis vezes em artigos acadêmicos e em jornais, a enunciamos em apresentações e entrevistas.
Hoje a repetimos, com uma dolorosa modificação e com enorme pesar: morreu uma mulher negra, jovem, da favela da Maré, eleita vereadora do Rio de Janeiro. Perdemos Marielle Franco, que será por nós lembrada como expoente do movimento pela construção de um Rio de Janeiro e de um Brasil mais justo e seguro para todas e todos.
Estivemos com Marielle em diversos momentos, entre projetos sobre migrações forçadas, discussões sobre o lugar das mulheres na política, debates sobre segurança pública e violência de gênero – desde a época em que era assessora parlamentar à frente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, até chegar a exercer seu próprio mandato, desde 2017.
É uma perda irreparável, o fim prematuro e violento de tão brilhante trajetória política e humana. Nossos sentimentos e solidariedade à família, companheiros de trabalho e de partido e a todos que compartilham de suas causas – grupo no qual nos incluímos. Nossas condolências também à família e amigos do motorista de Marielle, Anderson Pedro Gomes, que também foi morto na noite passada.
O Estado, por meio de órgãos competentes, deve garantir a investigação rápida e eficaz do crime.
O Rio precisa se unir para resgatar a convivência, o diálogo e o direito à vida. Marielle vive em muitos de nós. Sua morte não será em vão. O ciclo de violência e impunidade deve acabar.
Instituto Igarapé