Mulheres indígenas e negras têm 3 e 2 vezes mais chances de serem assassinadas em comparação às mulheres brancas

Dados obtidos pelo Instituto Igarapé para atualização da plataforma EVA mostram que entre 2000 e 2019 o assassinato de mulheres brancas por armas de fogo diminuiu em 46,2%, já o de muheres negras aumentou em 41,2%

Todas as formas de violência contra a mulher aumentaram no ano de 2019. Mulheres seguem sendo as principais vítimas de quase todos os tipos de violência – a física, a psicológica, a sexual e a patrimonial. Em 2019, o Brasil observou uma redução do total de homicídios de 21% em comparação ao ano anterior. Mas, para as mulheres, essa diminuição foi menor: de 17%. No entanto, de 2000 a 2019, observamos uma queda de 42% nos assassinatos de mulheres brancas e aumentos de 48% e 18% no de negras e indígenas, respectivamente. Os dados fazem parte da atualização da plataforma EVA – Evidências sobre Violências e Alternativas para mulheres e meninas, desenvolvida pelo Instituto Igarapé, com apoio da Uber, e serão lançados nesta sexta-feira (10/12), Dia Internacional dos Direitos Humanos e no último dia dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, junto com um vídeo que também trata do assunto.

 

Os dados do Sistema de Saúde mostram que armas de fogo estão associadas a aumentos da violência contra mulher, inclusive de vítimas fatais. De 2010 a 2017, a proporção do uso de armas para assassinar mulheres cresceu. Esse percentual passou de 49% para 54% no período, com um aumento de 9% nos casos. Em 2019, 1.817 mulheres perderam sua vida por armas de fogo no Brasil, o que significa que esses foram os instrumentos utilizados para ceifar suas vidas em 54% dos casos (Fonte: Sistema de Saúde).  A faixa etária que concentra a maior parte das mortes por arma de fogo se manteve a mesma: a de 15 a 29 anos.

 

Porém, são as mulheres jovens negras, uma vez mais, as que mais sofrem assassinatos praticados com armas de fogo: 71% das mulheres assassinadas por armas de fogo são pardas ou pretas em 2019. De 2000 a 2019, o assassinato de mulheres brancas por armas de fogo diminuiu em 46,2%, já o de muheres negras aumentou em 41,2%. No caso dos dados dos Sistemas de Segurança, somente 17 estados forneceram dados de raça para homicídio de mulheres, 15 para feminicídio e quatro para homicídio decorrente de oposição à intervenção policial. 

 

“Esses dados são fundamentais para planejarmos políticas públicas que abordem os fatores de risco para a violência contra mulheres. E está claro que a raça e a idade são determinantes. O objetivo da plataforma é justamente colocar esses números em evidência e contribuir para políticas públicas que efetivamente previnam a vitimização de mulheres”, afirma Renata Giannini, pesquisadora sênior à frente do projeto. 

 

A plataforma EVA – Evidências sobre Violências e Alternativas para mulheres e meninas apresenta dados relevantes para informar políticas públicas voltadas para a prevenção, redução e eliminação da violência contra mulheres na América Latina. Criada em 2019, a plataforma é atualizada periodicamente. Seus dados são baseados em coletas nos sistemas de saúde (dados obtidos via Ministério da Saúde e atualizados até 2019) e segurança (dados obtidos via secretarias estaduais e atualizados até 2020). Os anos das séries históricas indicadas variam porque dependem da disponibilidade de dados.

 

Acesse a plataforma com a íntegra dos dados atualizados: https://eva.igarape.org.br/

 

Confira a íntegra do vídeo: https://youtu.be/l5ht_Wt5xBI 

 

Para entrevistas, favor contatar através do e-mail: press@igarape.org.br.

 

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