Mobilização pela melhoria da segurança pública no Rio de Janeiro
Dezembro, 2017
Em busca de soluções para a melhoria da segurança pública na cidade, a Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (AmCham Rio) liderou uma mobilização entre os setores público e privado, com participação da Firjan, do consulado americano, da Rio Negócios, do Disque Denúncia, do Rio Convention and Visitors Bureau, e de várias câmaras de comércio da cidade. O objetivo foi apresentar uma agenda propositiva de ações que possibilitem a retomada do crescimento econômico do Rio. O evento foi realizado no auditório da Procuradoria-Geral do Estado, no dia 1º de dezembro, com patrocínio da Souza Cruz.
Entre os principais palestrantes estiveram o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia; o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia; o secretário de Estado de Segurança do Rio de Janeiro, Roberto Sá; o delegado da polícia civil e ex-chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Allan Turnowski; e Rodrigo Oliveira, delegado civil e coordenador da Coordenadoria de Recursos Especiais – Core. A iniciativa também teve grande adesão internacional, com apoio dos consulados dos EUA, da Alemanha, do Reino Unido, da Bélgica, da China, da Itália, da França, do México, da Noruega, da Espanha, do Canadá, da Rússia e da Suíça .
Pedro Almeida, presidente da AmCham Rio, destacou os temas que marcam o ponto de partida: fortalecimento de canais de comunicação com o setor público; modernização tecnológica da polícia do Rio de Janeiro; repressão ao roubo de cargas; nova regulamentação para armas de fogo; segurança, gastos públicos e gestão; perícia criminal; e desenvolvimento econômico para áreas degradadas. A união desses setores permitirá uma atuação qualificada de influência na esfera pública e tornará possível a produção de um impacto efetivo no controle da violência e no fortalecimento das organizações policiais. Marcio Colmerauer, consultor de Segurança Pública da AmCham Rio, acredita que deva ocorrer um esforço para sensibilizar as empresas por meio da informação e do diálogo, com o objetivo de unificá-las em um posicionamento comum. Dessa forma, o setor privado conseguirá dialogar com o governo.
Rodrigo Maia ressaltou a importância de ações do governo federal para a solução do problema de segurança pública no Rio. Para ele, a atualização da legislação de combate ao tráfico de drogas e armas é uma medida importante, que já está em andamento. Maia também disse ser necessário pensar de que forma o financiamento da segurança pública será feito, já que o Rio se encontra em meio a uma crise fiscal. “Que possamos continuar avançando nas leis, dando condições aos órgãos de segurança para exercer de forma cada vez melhor seu trabalho. Mas precisamos discutir de maneira transparente o financiamento dessas ações.”
O secretário de Estado de Segurança do Rio de Janeiro, Roberto Sá, pontuou o que está sendo feito no momento. Para ele, entender a segurança pública é olhar para as causas do problema e pensar estratégias, apesar da limitação dos recursos. “A recuperação fiscal vai chegar, nós sabemos quais são os problemas, para onde queremos ir e qual estratégia adotar”, afirmou.
Sá falou sobre o roubo de cargas na cidade, um tipo de crime que cresceu muito desde o fim do ano passado. De acordo com ele, a população não está conscientizada dos problemas gerados pela compra de carga roubada. “Olhar para o lucro alimenta uma cadeia de crimes violentos. Pouca gente sabe que, ao comprar carga roubada, você pode estar alimentando essa cadeia.”
Representando as empresas, o diretor de Relações Institucionais da Souza Cruz, Fernando Bomfiglio, falou dos problemas relacionados ao contrabando e ao roubo de cargas, que afetam de forma expressiva a operação da companhia. “O cigarro representa 70% dos produtos apreendidos”, revelou. Além disso, ele citou que as perdas da empresa com roubo de cargas em 2016 chegaram a R$ 20 milhões, somente no Estado do Rio. O diretor acredita que a recessão enfrentada pelo Brasil nos últimos anos impulsionou o contrabando do produto.
Segundo Bomfiglio, a solução não está sendo encarada como prioridade e, para isso acontecer, seria necessário agir em três frentes: federal, municipal e internacional.
Allan Turnowski, ex-chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, e Rodrigo Oliveira, da Coordenadoria de Recursos Especiais – Core, apresentaram uma análise da polícia nos últimos anos e defenderam que é preciso investir em tecnologia e serviços de inteligência, uma vez que o policiamento ostensivo não é capaz de combater o crime organizado.
Para Turnowski, o auge da política de segurança foi em 2011, quando houve o maior resultado operacional do Brasil. Porém, após esse ano, as mudanças de gestão da segurança pública resultaram em desintegração da área e isolamento externo e interno na atuação de combate ao crime. “O foco exclusivo nas Unidades de Polícia Pacificadoras – UPPs causou o esvaziamento de batalhões e delegacias e gerou reforço e reorganização do tráfico de drogas”, disse o ex-chefe da Polícia Civil.
Rodrigo Oliveira também defende uma participação da esfera federal no controle ao roubo de cargas e na segurança pública. Porém, acredita que, além disso, o município deveria assumir responsabilidade maior sobre os problemas. “A esfera municipal também tem que se comprometer, no sentido de colaborar para o enfrentamento da criminalidade de modo geral”, ressaltou ele.
Roberto Motta, da ShotSpotter, e Emile Badran, do Instituto Igarapé, exibiram cases que demonstram como a tecnologia pode ser uma aliada no combate ao crime. “Há grande fluxo de investimentos em tecnologia no Rio, mas o que se busca agora é a integração de dados para que o fluxo seja eficiente”, afirmou Badran.
Em sua primeira agenda oficial no Rio, o novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, defendeu uma estratégia com união de forças das polícias (federal, militar e civil) que englobe parcerias com polícias do mundo todo, inovação tecnológica, integração institucional – com a criação de centros integrados de combate à criminalidade – capacitação da polícia e parcerias público-privadas. “Precisamos unir forças e nossa capacidade estratégica para combater o crime organizado no Brasil”, finalizou Segovia.
Veja as fotos do evento: http://bit.ly/eventosegurancapublica