Instituto Igarapé cria aplicativo para entender a percepção de segurança de crianças
[Press Release] Agosto de 2016
Campanha #SegurançaAssuntoDeCriança chama atenção para violência contra a criança
Não há muitos dados disponíveis produzidos por censos e pesquisas criminais sobre o modo como crianças e adolescentes percebem a segurança. Para suprir essa falta, o Instituto Igarapé, com a parceria de organizações brasileiras e internacionais, desenvolveu o Índice de Segurança da Criança (ISC), cujos resultados serão divulgados esta semana em uma campanha internacional sobre violência contra a criança. Também será lançando um novo relatório com os resultados do ISC aplicado no Rio de Janeiro.
“Nosso objetivo foi ouvir a voz de crianças de localidades inseguras e de baixa renda, mapeando suas percepções sobre violência, temporal e geograficamente, e as tornando sujeito de políticas. O ISC mostra como a tecnologia pode ser usada como avaliação rápida da segurança da criança e do adolescente, com possibilidade de adaptação para outras pesquisas, contextos e localidades”, diz Robert Muggah, diretor de pesquisa do Instituto Igarapé.
O Índice é obtido por meio de um aplicativo de celular que registra as impressões de crianças e adolescentes de áreas vulneráveis sobre a segurança em casa, na escola e na vizinhança. O ISC já foi testado em 14 cidades brasileiras.
“O modo como as pessoas percebem o nível de segurança nem sempre corresponde aos índices de violência. No Rio de Janeiro, por exemplo, ao contrário do que se possa pensar, as taxas de homicídio estão abaixo da média nacional – 21,1 contra 29,1 por cada 100 mil habitantes – e em seu nível mais baixo desde que os dados começaram a ser coletados”, completa Muggah.
Campanha
A campanha #SegurançaAssuntoDeCriança vai mostrar os principais resultados do ISC nas redes sociais, em três idiomas. Planejada para coincidir com o período das Olimpíadas, a campanha inclui ainda um vídeo e um novo relatório que resume os dados obtidos em escala nacional. Por meio de parceiros, a campanha deve atingir o público brasileiro e internacional.
De acordo com Renata Giannini, pesquisadora do Igarapé e autora da publicação sobre a pesquisa no Rio, “direitos e garantias de crianças e adolescentes são amplamente desrespeitados. Megaeventos como as Olimpíadas devem gerar novos riscos para crianças, especialmente meninas. Um dos principais objetivos do Índice de Segurança da Criança é dar visibilidade ao problema”, completa.
ISC Rio
O relatório de pesquisa feita no Rio, Infância e Segurança; Um estudo sobre a percepção da violência por crianças e adolescentes do Complexo do Muquiço, Rio de Janeiro, chama atenção para o modo como crianças e adolescents estão expostos à violência e propõe soluções para melhorar a segurança. O relatório inclui entrevistas com 326 crianças entre 8 e 17 anos de bairros da Zona Norte do Rio. A pesquisa contou com a parceria do Instituto Bola Pra Frente.
Segundo o ISC Rio, crianças tendem a se sentir mais seguras que adolescentes, tanto em casa, quanto na escola e na vizinhança. Apenas 30% das adolescentes disseram se sentir seguros na rua. Os relatos das crianças mostram que, dentro de casa, embora 55% tenham dito ser submetidas a castigos físicos, a percepção de violência é menor.
Organizações como a Visão Mundial Internacional, Bernard van Lear Foundation, Google Brasil e Oi Futuro são parceiros no projeto.
Leia a publicação sobre a pesquisa aplicada no Rio
Leia também o relatório da pesquisa em Recife (em inglês), “When Kids Call the Shots”, por Helen Moestue, Katherine Aguirre e Renata A. Giannini
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