Governo brasileiro volta atrás e revoga medida que concedia residência temporária para cidadãos de países fronteiriços

Opera Mundi

24 de Fevereiro, 2017

O governo brasileiro anunciou nesta quinta-feira (23/02) a revogação da Resolução Normativa Nº 125/2017, que permitia a concessão de residência temporária, pelo prazo de até dois anos, ao imigrante que tivesse ingressado no território brasileiro por via terrestre e seja nacional de país fronteiriço. Publicado no Diário Oficial da União, o texto não oferece explicações para o cancelamento da medida, aprovada pelo Conselho Nacional de Imigração no dia 14 de fevereiro e divulgada nesta quarta-feira (22/02).

A resolução fazia valer para cidadãos de Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa a regra do Acordo sobre Residência do Mercosul, assinado por todos os outros países sul-americanos. Pelo pacto, quaisquer cidadãos dos Estados signatários podem entrar com visto de turista, com validade de três meses, e, após o fim do prazo, solicitar a residência temporária de dois anos. O visto é concedido automaticamente, desde que os solicitantes não tenham antecedentes criminais. No Brasil, a Polícia Federal (PF) é a responsável pelo processo.

Em nota, o Ministério do Trabalho afirmou que a medida foi publicada sem que tenha havido discussões no Itamaraty. “A referida normativa foi tornada sem efeito, com o objetivo de possibilitar a todos os conselheiros a apreciação dos ajustes sugeridos pelo MRE, bem como pelos demais integrantes do Conselho”, explicou o Ministério do Trabalho.

A norma atendia recomendações do Ministério Público Federal, a Defensoria Pública da União e o Ministério Público do Trabalho, que solicitavam a adoção de medidas humanitárias diante do atual aumento no fluxo de venezuelanos no estado de Roraima. O Instituto Migrações e Direitos Humanos, a Cáritas do Rio de Janeiro e de São Paulo, o Instituto Igarapé, a Missão Paz, a Fundação Avina e a Conectas Direitos Humanos também participavam das negociações.

Após o anúncio da revogação, as entidades envolvidas divulgaram uma nota em que questionam a decisão e pedem esclarecimentos do governo brasileiro. “A referida resolução é fruto de amplo debate com o Conselho Nacional de Imigração e foi aprovada pelo plenário do órgão – composto por mais de 30 instituições representativas do Governo Federal, de entidades de trabalhadores, de organizações empresariais e da comunidade científica e tecnológica”, afirma o texto.

“As organizações que assinam esta nota aguardam os necessários esclarecimentos públicos acerca dos motivos da referida publicação, na expectativa de que sejam assegurados os princípios regimentais que devem pautar a atuação colegiada do órgão”, declararam no comunicado conjunto o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União, além de outras entidades.

 

The Igarapé Institute uses cookies and other similar technologies to improve your experience, in accordance with our Privacy Policy and our Terms of Use, and by continuing to browse, you agree to these conditions.

O Instituto Igarapé utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência, de acordo com a nossa Política de Privacidade e nossos Termos de Uso e, ao continuar navegando, você concorda com essas condições.

Pular para o conteúdo