Cientistas, lideranças globais e sociedade civil entregam carta a autoridades na abertura das sessões ministeriais da COP 30
Dois dos cientistas mais respeitados do mundo, Carlos Nobre e Johan Rockström, o ex presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, ex-presidente da Irlanda, Mary Robinson, lideranças globais como Jennifer Morgan, Marco Lambertini e Sandrine Dixson-Declève, e outros representantes da sociedade civil entregaram uma carta ao vice-presidente Geraldo Alckmin, à ministra Marina Silva e a outras autoridades de todo o mundo presentes na abertura das sessões ministeriais na COP30. O documento, organizado pelo grupo Planetary Guardians e pelo Pavilhão de Ciências Planetárias, faz um apelo para que Chefes de Delegação e negociadores presentes na Conferência construam um roteiro claro para o fim do desmatamento e a eliminação gradual dos combustíveis fósseis. O Instituto Igarapé apoiou a iniciativa e Ilona Szabó o representou na entrega do documento que reforça a importância de garantir a Missão 1,5ºC, limite definido pela ciência para conter o aquecimento global.
Leia na íntegra abaixo:
A COP30 deve proteger a estabilidade dos dois biomas mais ricos da Terra – a floresta amazônica e os recifes de corais tropicais.
Com apenas cinco dias restantes de negociações na COP30, cientistas – assim como ativistas, Povos Indígenas, líderes políticos e empresariais – se uniram para pedir aos Chefes de Delegação que entreguem um roteiro claro para minar gradualmente os combustíveis fósseis e proteger as florestas tropicais.
A ciência soa o alarme há décadas: os ecossistemas mais biodiversos do planeta, em terra e no oceano — a floresta amazônica e os recifes de corais tropicais — estão sob pressões intoleráveis.
Somente nos últimos dois anos, a Amazônia viveu uma das piores secas já registradas. A ciência mostra que a mudança climática causada pelo ser humano tornou essa seca 30 vezes mais provável do que seria sem interferência humana. A Amazônia também registrou o maior número de incêndios em quase duas décadas, mais de 140,000 incêndios florestais, a grande maioria deles causados pela ação humana, queimando milhões de hectares de floresta, liberando enormes quantidades de carbono e afetando gravemente a saúde das populações.
A pressão combinada das emissões de combustíveis fósseis e do desmatamento empurra a Amazônia na direção de mudanças irreversíveis. Quando a floresta se degrada e grandes áreas deixam de absorver carbono para se tornarem fontes de emissões, todo o planeta sentirá o impacto.
Os recifes de corais tropicais, berço de um terço de toda a vida marinha, atingiram — ou estão muito próximos de atingir — um ponto de não retorno. O aquecimento dos oceanos e a acidificação, impulsionados pelas emissões de combustíveis fósseis, estão destruindo esses ecossistemas. O mundo já perdeu entre 30% e 50% de seus recifes. Apenas nos últimos três anos, mais de 80% sofreram branqueamento severo, enfraquecendo as bases de vida de inúmeras comunidades costeiras que dependem deles para alimentação e sustento.
Neste fim de semana, o povo de Belém levou esse alerta às ruas com um rugido colorido.
Nossa mensagem é clara: a perda dos recifes de corais e a degradação da Amazônia – uns dos maiores estabilizadores climáticos da Terra – afetam a todos nós. Aqui na Amazônia, a COP30 deve conceber um esforço global para proteger a vida em todas as suas formas. Os países precisam se unir para entregar roteiros para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e deter e reverter a perda das florestas. Isso exige manter firme a “missão 1.5”.