Brasil é terreno fértil para vazamentos de dados e ações de cibercriminosos

Publicado no Estadão

Com Louise Marie Hurel

Desde janeiro, o brasileiro não tem um dia de paz em relação a sua segurança digital. O megavazamento, que expôs os dados de 223 milhões de CPFs, 40 milhões de CNPJs e 104 milhões de registros de veículos no País colocou luz sobre uma temporada agitada no mercadão ilegal de informações pessoais.

A sequência de vazamentos nos meses seguintes assustou e fez surgir questionamentos quanto à capacidade do País em coibir eventos do tipo. Embora seja difícil determinar se o Brasil é mais vulnerável do que outras nações, especialistas de empresas, de universidades e do terceiro setor mostram que há por aqui um terreno fértil para a ação de cibercriminosos e incidentes de cibersegurança. Segundo eles, estamos em desvantagem internacional em termos de práticas governamentais de cibersegurança, de investimentos feitos pelas empresas e de promoção de uma cultura de privacidade entre a sociedade civil.

Segundo o Índice Global de Cibersegurança, publicado em 2019 pela União Internacional das Telecomunicações, entidade da Organização das Nações Unidas (ONU), o País ocupa a 70.ª posição, atrás de outros países latinoamericanos, como Uruguai, México e Paraguai. Em primeiro lugar está o Reino Unido, referência mundial no tema, seguido dos Estados Unidos e da França.

Para Louise Marie Hurel, coordenadora do Programa de Segurança Digital do Instituto Igarapé, esse mau posicionamento internacional só confirma nossas vulnerabilidades. “Temos visto isso desde o ano passado com os ataques cibernéticos ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e com o megavazamento de dados”, aponta — para ela, deixar essas áreas mais vulneráveis é afetar o andamento da Justiça e da democracia brasileira. “Por isso vemos a necessidade de preparar melhor o Brasil para a proteção de dados”, completa.

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