Boletim Futuros Globais: Um ponto de inflexão na corrida da IA
A inteligência artificial chegou a um importante ponto de inflexão, levantando questões fundamentais sobre segurança, alinhamento, regulação e o próprio futuro da humanidade. Impulsionado por avanços técnicos rumo à “superinteligência”, por meio de ferramentas como arquitetura de transformadores, aprendizado por reforço e modelos de destilação, o atual momento da IA pode conter um paradoxo — a dúvida sobre estarmos testemunhando um salto tecnológico ou uma bolha.
A tecnologia tem o potencial de gerar ganhos sociais e econômicos de magnitude tectônica. Atualmente, esses sistemas já otimizam cadeias de suprimento, aceleram a descoberta de medicamentos, aprimoram modelos climáticos e aumentam a produtividade em diversos setores. Segundo a International Data Corporation (IDC), a IA deve contribuir com cerca de US$ 19,9 trilhões para a economia global até 2030, representando 3,5% do PIB mundial, com cada dólar investido gerando US$ 4,60 em valor econômico indireto e induzido.
A escala desse impacto é verdadeiramente transformadora. A IA deixou de ser apenas uma ferramenta de produtividade para se tornar o motor central da mudança estrutural. Os números, no entanto, não indicam estabilidade. Apenas em 2025, as gigantes de tecnologia investiram cerca de US$ 750 bilhões no setor, com projeções que chegam a US$ 3 trilhões até 2029. As ações de empresas de ponta, por sua vez, têm se mostrado voláteis, refletindo a ansiedade dos investidores e retornos incertos.
Recentemente, um estudo do Massachusetts Institute of Technology (MIT) constatou que 95% dos projetos corporativos de IA não geram valor mensurável, alimentando dúvidas sobre se a tecnologia está realmente correspondendo às expectativas. Alguns dos sistemas mais avançados já demonstram comportamentos estratégicos inesperados em testes controlados, expondo lacunas graves nas atuais estruturas de controle. Esse cenário pode afetar a consolidação da Artificial General Intelligence (AGI).
É necessário desenvolver formas de governança proativas e seguras, que equilibrem inovação e controle. Sem alinhamento ético e cooperação global, a IA pode se tornar uma força de instabilidade geopolítica e econômica.
Neste Global Futures Bulletin, o Dr. Robert Muggah, cofundador do Instituto Igarapé, analisa este momento decisivo para a IA, destaca como expectativa e risco estão se entrelaçando e alerta para uma possível “bolha da IA” nos mercados globais.
- Conheça mais sobre o tema nos seguintes artigos: As grandes empresas de tecnologia são uma ferramenta de disrupção global de Trump, publicado em Foreign Policy; As novas e ousadas cidades dos autoritários, publicado em Project Syndicate; e “A IA também dizimará empregos qualificados, mas a escala dos impactos será distribuída de forma desigual”, disponível em The Conversation.
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