A aposentadoria de Ronnie Lessa
Publicado na Revista Época
Com Melina Risso
Na madrugada de 2 de outubro de 2009, o sargento da PM Ronnie Lessa foi alvo de um atentado com todas as digitais do crime organizado. Depois de mais um dia de trabalho em incursões por favelas do Rio de Janeiro, Lessa entrou em seu Toyota Hilux prata blindado e começava a se dirigir para casa quando uma bomba, acionada por um telefone celular, explodiu. O policial perdeu a consciência, e a caminhonete desgovernada percorreu 150 metros até bater em um poste, deixando um rastro de sangue e combustível pela Rua Mirinduba, em Bento Ribeiro, a cerca de 500 metros do 9º Batalhão da Polícia Militar, de onde ele havia saído cinco minutos antes. Lessa foi socorrido e recobrou os sentidos na mesma noite no Hospital Municipal Souza Aguiar. Naquela semana, já transferido para um hospital particular, sua perna foi amputada devido a complicações decorrentes dos ferimentos do atentado.
Para Melina Risso, diretora do Instituto Igarapé que estuda o uso da força pelas forças policiais, esses casos escancaram a relação entre a brutalidade policial e a falta de controle interno na corporação. “A PM tem um mecanismo poderoso para combater crimes ou desvios, que é o Regimento Interno da corporação. A corporação pode e deve fazer seu controle interno, que é independente do trabalho do MP e da Justiça Criminal. Mas a polícia escolhe não usar esse poder. Não dá para dizer que a polícia é negligente, ela é conivente com esses desvios”, disse a especialista.
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