COP30 sinaliza aceleração, mas será necessário avançar mais e rápido em 2026 para manter 1,5°C ao alcance
A COP30 deixou sinais claros de aceleração, consolidando avanços importantes, como a centralidade de enfrentar os crimes ambientais para conservar e restaurar as florestas — incluindo a Amazônia — no regime climático, o lançamento do TFFF com grande adesão, o reforço à ciência e ao multilateralismo, a reafirmação do compromisso de deter e reverter o desmatamento até 2030, o compromisso de triplicar o financiamento de adaptação até 2035, e a criação de novos mecanismos políticos, entre eles o Global Implementation Accelerator e a Missão Belém 1.5, que esperamos que ajudem a deslocar o debate para a implementação.
Ao mesmo tempo, é bem-vinda a liderança brasileira para os dois mapas do caminho, dedicados ao desmatamento zero e à transição para longe dos combustíveis fósseis, que ainda não obtiveram decisão formal; as sinergias entre clima, biodiversidade e desertificação avançaram pela primeira vez no regime climático, mas ainda menos do que o necessário; e as finanças climáticas e para a natureza permanecem pouco ambiciosas e com poucos compromissos concretos com os países somente tomando nota do roteiro de Baku a Belém para US$ 1,3 trilhões.
Precisamos ir além e rápido. A próxima etapa exigirá fortalecimento do consenso político e de acordos operacionais imediatos para manter 1,5°C ao alcance.
“Belém entregou o melhor resultado possível nas condições geopolíticas atuais, mas ainda insuficiente. A COP30 avançou ao colocar florestas, ciência e ambição de criação de mapas do caminho de temas centrais na agenda política. A próxima etapa, em 2026, ainda sob a liderança do Brasil, exige a construção de consensos e ações concretas e imediatas sobre como atingir o desmatamento zero até 2030, implementar a transição dos combustíveis fósseis e ampliar o financiamento para o clima e natureza, para manter 1,5°C ao alcance”, diz Ilona Szabó, presidente do Instituto Igarapé.