O mapa que contabiliza as migrações forçadas no Brasil desde 2000

Dados foram organizados pelo Instituto Igarapé em uma plataforma interativa. Apesar do tamanho do problema, não há política específica para lidar com deslocamentos

 

14/03/2018
Por André Cabette Fábio
Originalmente publicada no Nexo

No dia 5 de janeiro de 2015, uma barragem que armazenava 55 bilhões de litros de rejeitos de minério de ferro se rompeu na cidade de Mariana, em Minas Gerais, dando início ao maior desastre ambiental da história brasileira.

O mar de lama atingiu três rios da região, o maior deles o Rio Doce, e percorreu 537 km até desembocar no litoral do Espírito Santo. Cinco municípios foram especialmente afetados, e 1.361 pessoas foram deslocadas.

Não só desastres, mas megaprojetos de infraestrutura, como a construção de hidrelétricas e estádios, ou a violência de certas áreas, obrigam pessoas a deixar seus locais de origem no Brasil.

Os dados sobre essas migrações forçadas foram sistematizados em um mapa interativo organizado pelo Instituto Igarapé.

 

7,72 milhões de pessoas foram obrigadas a se deslocar no país entre 2000 e 2017, o equivalente a quase 4% da população brasileira atual.

 

Segundo a entidade, inundações foram o principal fator a levar as pessoas a se deslocarem 2,87 milhões tiveram que deixar seus lares por causa desse tipo de desafio. Projetos de urbanização levaram outras 753,2 mil a deixarem seus lares.

A plataforma também contabiliza a chegada de refugiados ao Brasil, que recebe 10 mil pessoas de países como Colômbia, Venezuela e Síria.

Os dados foram organizados em um mapa interativo em que é possível observar quantas pessoas foram deslocadas por estado, e por ano. Clicando nos círculos que representam o volume de pessoas deslocadas, é possível descobrir a causa da migração, e acessar a fonte da informação.

A plataforma também traz dados sobre grandes eventos causadores de deslocamentos, como a tragédia de Mariana em 2015, as chuvas na região serrana do Rio de Janeiro em 2011 e as obras do projeto de transposição do Rio São Francisco.

Em um relatório sobre o levantamento, o Instituto Igarapé afirma que, apesar do tamanho do problema, não há políticas específicas para lidar com esses deslocamentos em massa. A entidade recomenda que se crie uma lei federal definindo direitos dos afetados e as responsabilidades de cada órgão governamental sobre eles.

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