As Defensoras – Como se definem
A pesquisa “Somos vitórias-régias” foi desenvolvida e executada com um grupo de 13 defensoras que representam as lutas das mulheres da bacia amazônica do Brasil, Colômbia e Peru.
Saiba mais sobre elas.
Clique aqui para baixar o conteúdo em PDF.
Ângela Mendes (Acre, Brasil)
“É acreditar numa causa e acreditar que por essa causa vale mover o mundo de lugar!”.
Filha de Chico Mendes, o líder seringueiro assassinado em 1988, é tecnóloga em gestão ambiental e coordenadora do Comitê Chico Mendes, movimento pela conservação da floresta e pela proteção das populações extrativistas e povos indígenas.
Foi uma das lideranças da retomada da Aliança dos Povos da Floresta em 2019, que fortalece a luta dos povos indígenas e populações extrativistas da Amazônia, renovando a iniciativa de Chico Mendes nos anos 80. Foi também uma das idealizadoras e coordenadoras da Campanha internacional Empate 2020: Povos da Floresta na Luta contra a Covid19 na Amazônia, lançada em julho de 2020 através de uma ampla parceria com organizações da sociedade civil no Estado do Acre.
De 2017 a 2020 coordenou a implementação do Programa Jovens Protagonistas da Reserva Extrativista Chico Mendes numa parceria do Comitê Chico Mendes e o WWF-Brasil.
Atener Wapichana (Roraima, Brasil)
“É sentir a dor do outro, é se colocar no lugar daquelas pessoas que sofrem. Que por muitas vezes são leigas de informação, de como se defender, de como falar. Ser defensora é ser acolhedora”.
É da comunidade Indígena Tabalascada. Alfabetizada aos 10 anos, teve de sair da comunidade para concluir os estudos e se tornar professora indígena. Em 2010, passou a atuar como voluntária contra a violência contra os indígenas, especialmente a violência infantil. Seu trabalho ganhou maior dimensão quando foi trabalhar no garimpo da Terra Indígena Raposa da Serra do Sol e, mais tarde, com os povos ianomâmi.
Celleny Servitta (Amapá, Brasil)
“Reconhecer-se como uma defensora é reconhecer e legitimar a própria história de vida, luta e resistência. É sustentar o desejo de alcançar, por todas, a justiça e a reparação de toda violência que sofremos e testemunhamos todos os dias”.
Educadora popular e comunicadora comunitária e intercultural voluntária no Fórum Social Pan-Amazônico, Celleny começou a atuar como defensora na área do Projeto Jari, o império megalomaníaco de celulose criado pelo milionário americano Daniel von Ludwig na divisa do Amapá com o Pará nos anos 1970. O projeto ruiu em pouco tempo deixando um rastro de violência e destruição. Celleny participou durante 32 anos da Companhia de Dança Mandara, que formou meninas e adolescentes da região, e trabalhou como professora comunitária na região.
Cursa Pedagogia na Universidade Federal do Amapá.
Claudelice dos Santos (Pará, Brasil)
“Quando uma mulher nasce na Amazônia, nasce uma defensora”.
Ativista de direitos humanos e do meio ambiente, é bacharel em direito e coordenadora do Instituto Zé Claudio e Maria, organização de defesa dos direitos humanos e o meio ambiente que leva o nome do seu irmão e cunhada assassinados em 24 de maio de 2011 por defenderem a floresta em pé. Coordena a rede de Coletivos de Defensores da Amazônia, trabalhando com defensores da floresta e da terra sobre mudanças climáticas, gêneros, proteção e cuidados sobre povos e comunidades tradicionais. Defende suas culturas, terras, território e florestas. Por seu trabalho foi indicada ao Prêmio Sakharov da União Europeia em 2019.
Dandara Rudsan (Pará, Brasil)
“A gente é forjada para ser defensora. Se não reagir, se não fizer algo, a gente é aniquilada. E só é possível se ver defensora inserida numa rede de mecanismos de proteção única”.
É articuladora política da RENFA – Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas. Começou a atuar como defensora aos 14 anos na luta contra a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira, de onde saiu para estudar Direito em Tocantins. Quando voltou, em 2012, formada, para ajudar seus pais contra a desapropriação de sua casa pela usina, já era uma mulher trans. Foi rejeitada pela família e viveu em situação de rua por dois anos.
O encontro com o movimento negro a levou para outros rumos. Pós-graduanda em Direito do Trabalho e Direitos Humanos pela Universidade Federal do Pará, foi relatora nacional em Direitos Humanos da Plataforma DHESCA e articuladora da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas. Fundadora do Coletivo Amazônico LesBiTrans e do Nepaz (Núcleo Estratégico de Direitos Humanos e Promoção da Paz).
Dina Carla ( Maranhão, Brasil)
“É ter coragem para desmanchar a corrupção impregnada em órgãos públicos, que beneficia poucos com muito e assim perpetua o rótulo de um Brasil tão desigual”.
Nascida em Turiaçu, é farmacêutica-bioquímica pela Universidade Federal do Maranhão, especialista em Citologia do Câncer (Instituto Adolfo Lutz -SP) e Biologia Celular (Universidade Federal de São Paulo). No Hospital do Servidor Público Estadual em São Paulo, onde trabalhou por nove anos, iniciou o ativismo na área de saúde. Hoje, trabalha com gerenciamento de projetos – tem MBA pela FGV/SP no Maranhão. Vem de uma família preta. A mãe, Joana Barbosa, aos 50 anos iniciou uma faculdade; o pai Crescêncio Almeida era servidor público. Ambos eram entusiastas do investimento em educação.
Elizângela Baré (Amazonas, Brasil)
“Ser defensora indígena é renascer perante o colonialismo, revivendo a cultura do nosso povo. Renascerei quantas vezes for preciso”.
Liderança indígena do Alto Rio Negro, Elizângela é da Terra Indígena Cue-cue Marabitanas, na fronteira com Colômbia e Venezuela, e do Povo Baré. É socióloga, artesã, agricultora e professora, faz parte da Federação da Organizações Indígenas do Rio Negro.
Maria de los Angéles Navarro (Mapiripán, Meta, Colômbia)
“Ser defensora representa um esforço e uma luta para buscar um equilíbrio entre a natureza e os seres humanos”.
Liderança agroecológica, trabalha com comunidades rurais na proteção e conservação de recursos naturais com o uso de técnicas alternativas de produção.
Melina Macuxi (Roraima, Brasil)
“É ser voz do meu povo, honrar os nossos ancestrais e a memória de suas lutas e conquistas. É honrar a nossa história de existência, resistência, resiliência e (re)existência”.
É do Povo Macuxi, antropóloga e pesquisadora nas temáticas de mulheres indígenas e povos originários da Venezuela.
Miluska Elguera (Lima, Peru)
“A defensora é uma lutadora corajosa, que enfrenta questões sociais com convicção política, guiada pelo amor e pelo bem comum para todos e todas”.
Antropóloga pela Universidad Nacional Mayor de San Marcos, é mestre em Desenvolvimento Humano pela Facultad Latinoamerica de Ciencias Sociales, na Argentina. Especializada em território, identidade e processos políticos na Amazônia. Ativista feminista em espaços políticos como frentes e coletivos.
Susy Gaby Díaz Gonzales (Ucayalli, Pucallpa, Peru)
“Nós, povos indígenas sem território, estamos destinados a desaparecer. Ser defensora é proteger, defender a causa comum, nosso lugar. É seguir mantendo o vínculo com os espíritos da floresta”.
Ativista dos direitos das mulheres indígenas, é formada em Direito e mestre em Gestão Social pela Pontifícia Universidade Católica do Peru. Presidente da Associação Intercultural Bari Wesna, vem atuando como defensora em programas de mulheres indígenas e defesa de direitos territoriais.
Em 2021, participou do programa de estágio em Direitos Humanos da Universidad de Deusto-España e do Alto Comissariado da ONU.
Vanuza Cardoso (Pará, Brasil)
“Defendo meu território/terra como defendo meu território/corpo, porque a interação que temos com a natureza é diferente de outras pessoas. Defendemos todas as vidas, humanas, não-humanas. Somos compostas por tudo o que há no ambiente natureza”.
Líder quilombola, é presidente do Conselho de Igualdade Racial do Município de Ananindeua. É Yao da guiança do Território Quilombola do Abacatal. Antropóloga, faz parte da Frente em Defesa dos Territórios Tradicionais.
Zulma Ulcue (Putumayo, Colômbia)
“É ter cuidado com a mãe terra. Quando se violenta uma mulher, se agride sua sabedoria, sua cultura e sua luta por defender a mãe terra, as mulheres, seu conhecimento e o cuidado com a humanidade”.
Pertence ao Povo Nasa. Tem licenciatura em Etnoeducação, é psicóloga e especialista em projetos de desenvolvimento social. Atua nos processos políticos e organizacionais da reserva indígena Nasa.
Acesse o press release aqui.