Por um mapa do caminho para o desmatamento zero – nota oficial
Neste dia da verdade para a COP30, o Instituto Igarapé pede aos países que entreguem um mapa do caminho para zerar o desmatamento ilegal. E enfrentar o ecossistema dos crimes ambientais com a seriedade necessária é o ponto de partida desse mapa.
Quando áreas de floresta são destruídas, o carbono deixa de ser armazenado por esses biomas e passa a ser liberado, acelerando o aquecimento global. As mudanças climáticas, por sua vez, contribuem para a intensificação dos eventos climáticos extremos, incluindo secas e incêndios que ameaçam a resiliência das florestas. É um ciclo que se retroalimenta e que precisamos acabar com urgência.
O Instituto Igarapé trabalhou arduamente para incluir essa pauta na agenda de ação da COP30, construiu um plano de aceleração robusto em parceria com instituições do Estado – IBAMA, Ministério do Meio Ambiente (MMA), Polícia Federal, Itamaraty e INPE – e outras instituições públicas, da sociedade civil e do setor privado, para consolidar e levar as experiências exitosas em redução do desmatamento no país para toda a Bacia Amazônica e outros biomas tropicais de todo o mundo. Além disso, o Instituto contribuiu para o que tema ganhasse destaque na Cúpula de Líderes: o documento “Chamado à ação sobre manejo integrado de fogo e resiliência a incêndios florestais” reforçou a prioridade do combate aos crimes ambientais.
Foram avanços importantes, mas esperamos que o mapa do caminho para o desmatamento zero traga o tema para a decisão política da conferência, com a criação de um grupo de trabalho que possa desenhar a articulação entre as agendas de enfrentamento ao crime ambiental e os fluxos financeiros da ilegalidade, a rastreabilidade de cadeias de suprimentos ligadas às florestas, os instrumentos de financiamento da natureza e o fortalecimento das bioeconomias e dos setores econômicos do restauro produtivo e ecológico com alta-integridade, que são soluções climáticas de captura de carbono.
O Instituto Igarapé está plenamente alinhado ao comunicado divulgado hoje por cientistas de renome, como Carlos Nobre e Johan Rockström, no âmbito do Pavilhão das Ciências Planetárias.
Nossa mensagem conjunta é inequívoca: só será possível manter viva a meta de 1,5°C com um roteiro realista para eliminar os combustíveis fósseis e acabar com o desmatamento. A CO30 precisa levar a sério as evidências científicas.
“Para resgatar a missão de limitar o aumento da temperatura do planeta em até 1,5°C, é necessária uma estratégia de três pilares. Isso inclui um mapa do caminho para a transição para longe dos combustíveis fósseis, um mapa do caminho para atingir o desmatamento zero, e a captura de carbono em escala, especialmente por meio de soluções baseadas na natureza de alta-integridade em florestas e oceanos.”
Ilona Szabó, Cofundadora e Presidente do Instituto Igarapé
“Não atingiremos a meta de 1,5°C a menos que protejamos as florestas tropicais do mundo, especialmente a Bacia Amazônica. Com o desmatamento respondendo por 10% das emissões globais, as florestas em pé precisam valer mais do que as derrubadas.”
Robert Muggah, Cofundador e Chefe de Inovação do Instituto Igarapé
“O enfrentamento ao crime ambiental é o ponto de partida do mapa do desmatamento zero, e o Brasil tem muitos aprendizados e soluções que podem ser compartilhados com os outros países de florestas tropicais.”
Melina Risso, Diretora de Pesquisa do Instituto Igarapé
Leia a nota técnica sobre como resgatar a missão 1,5C.
Leia o Plano de Aceleração para o enfrentamento ao crime ambiental para atingir o desmatamento zero